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Data do
Encontro: 02/04/2014
Local: Amieira do Tejo
Percurso: Trilhos das Jans - 11,
000 kms - 03: 30 Horas
Caminhantes: (35) André Correia; Angelina
Martins; António Clemente; António Pimpão; António Pires; Carlos Penedo; Carmen
Firme; Fortunato de Sousa; Gil Furtado; Gilberto Santos; Graça Sena; Helena
Meleiro; João Costa; João Duarte; Lina Fernandes; Luís Fernandes; Luís Martins;
Luísa Clemente; Lurdes Clara; Manuel Garcia; Manuel Pedro; Manuel Reis;
Margarida Serôdio; Maria do Céu; Miguel Cardoso; Nela Costa; Octávio Firme;
Odete Vicente; Quinita Sousa; Rogério Matias; Sérgio Cebola; Teresa Palma;
Virgílio Vargas; Vítor Gonçalves; Zé Clara;
Organizador: Fortunato de Sousa
Almoço: Restaurante ‘O Túlio’
(Tel. 245.469.129)
Próxima Caminhada: 16/04/2014 – Avós e Netos (F.
Sousa, L. Fernandes e V. Gonçalves)
Reportagem:
Reportagem:
Conta a lenda que há muitos, muitos anos, nesta
região da Amieira do Tejo, existiam umas mulheres invisíveis que fiavam um linho
muito fino e sem nós. Mais se conta, que quem quisesse uma peça tecida por
estas fadas, teria de deixar de noite o linho e um bolo de farinha de trigo
a cozer na lareira. Logo que o trabalho estivesse terminado, estas mulheres
desapareciam misteriosamente, não esquecendo nunca de levarem consigo o
apetitoso petisco (já neste tempo era assim: criatividade a rodos para enganar
o Zé Povinho).
Fadas das Jans foi o nome porque ficaram conhecidas
até aos dias de hoje estas mulheres mistério, as mesmas que se conta terem
tecido o vestido de linho que a rainha Santa Isabel vestia quando foi
transportada já morta desde a Amieira até ao local hoje conhecido por Barca da
Amieira.
Em homenagem a esta curiosa lenda, deu a C.M. de
Nisa o nome de Trilhos das Jans ao percurso pedestre PR1, o mesmo que o
organizador desta caminhada escolheu de entre os 8 disponíveis nesta lindíssima
região do norte alentejano. O PR4 – Trilhos do Conhal, já a grande maioria dos
Caminhadeiros conhece, com estórias
deveras interessantes a ele associadas. Para a história, ficará sempre no
nosso imaginário outra lenda ou fábula aqui vivida por um Caminhadeiro
iluminado e de criatividade sem limites, que jura ter comunicado com Javalis
cor de rosa e outros listados em plena serra de S. Miguel às portas do Rodão.
Vamos agora falar da caminhada e restante programa
que complementaram mais uma bonita aventura caminhadeira. De novo à beira do
rio Tejo, desta vez sem lampreia e sável, mas com outros peixes do rio menos
nobres, mas não menos saborosos.
Depois das nove horas da manhã, começaram a chegar
ao largo do Castelo da Amieira os vários carros que transportaram os
participantes na 15ª caminhada da época. Bonita praça esta com o castelo em muito bom
estado de conservação, com uma carga histórica muito interessante e
classificado como Monumento Nacional desde o ano de 1922. Primeira grande
surpresa para muitos dos presentes, foi a presença da Helena Meleiro, ex colega
de muitos de nós e que em boa hora o V. Vargas
convidou a participar no evento. Para a Helena que se deslocou propositadamente
do Porto para este efeito, o nosso obrigado e o desejo de que esta tenha sido a
1ª de muitas participações suas com o grupo (Gabi,para a próxima não desiludas
a nossa amiga Helena).
A fotografia de grupo com o Castelo em pano de
fundo, antecipou a apresentação dos guias António Pimpão e Sérgio Cebola, pelo
organizador da caminhada. De seguida, o Sérgio deu-nos uma breve descrição do percurso que haviamos de percorrer, tendo
desde logo chamado a nossa atenção para uma descida bastante acentuada que
teriamos de encontrar mais ou menos a meio do percurso. O muro de sirga com
cerca de 3 kms também seria uma das dificuldades a ter em conta, porque a
humidade e as ervas tornam o piso muito escorregadio.
Início da caminhada pelas ruas estreitas em calçada
de pedra, uma discreta subida e por opção do organizador lá seguimos até Vila
Flôr, com o Sérgio a liderar e o António Pimpão a controlar o grupo dos
tartarugas lentas. Daqui seguimos em direção ao Tejo, e pelo caminho tivemos
oportunidade de observar as paisagens mais bonitas do percurso. Do ponto mais
alto podiamos ver o serpentear do rio Gardete e a barragem do Fratel em período
de descarga. Depois foi a descida acentuada até à margem do Tejo, onde o tal
corrimão colocado uns dias antes (não em corda mas em cordel fino), garantia apenas
segurança aparente ou virtual. - Oh amigo Pimpão, será que a Câmara de Nisa
está tão pobre que não tem dinheiro para uma corda em condições? – Senhor
Fortunato, e se eu lhe disser que o dinheiro para pagar esta teve de saír do
nosso bolso, você acredita? – Claro que acredito, a crise já encostou a Câmara de Nisa às cordas.
Chegados ao final da descida sãos e salvos,
iniciou-se o trajecto final pelo muro de sirga. O tal muro onde o piso de pedra
coberto de erva e humidade obrigava a uma permanente e redobrada atenção para
ver onde colocávamos os pés e os bastões. Só a deslumbrante paisagem do rio,
das quedas de água, do colorido dos campos e o som do cantar dos pássaros
atenuavam a dificuldade da parte final do percurso.
Em grupos dispersos, todos fomos chegando à Barca
da Amieira onde terminou a nossa etapa caminhadeira já em cima das 2 da tarde.
Havia que avisar o Inácio de que o almoço teria que ser servido só lá para as 3
horas.
E já passava das 3 quando todos nos sentámos à mesa
do restaurante o Túlio para saborear o queijo de Nisa e o peixe frito com
salada. Depois foram servidos a sopa de
peixe com ovas e o ensopado de enguias, iguarias características desta região,
que são sempre uma agradável surpresa para todos os que pela 1ª vez aqui se
deslocam.
Ainda não tinhamos terminado de comer a tijelada e
bebido o café, e já o nosso amigo Inácio me fazia sinal de que era hora de
começar o espectáculo. Portanto, havia que criar ambiente para dar aso à
inspiração e criatividade dos artistas.
O organizador apresentou o Inácio à assistência e
desta vez também um acompanhante, de seu nome Ramalhete, que já de viola na mão
também ansiava por mostrar aos presentes as suas qualidades artísticas. Mas
antes e em nome do grupo, foi entregue ao nosso amigo Inácio um troféu dos
Caminhadeiros, como agradecimento pelos momentos inesquecíveis que ele nos tem
oferecido e dedicado todas as vezes que o visitamos.
Ao Sérgio e ao António Pimpão foram entregues
também simbólicas lembranças, como reconhecimento pela simpatia, apoio e colaboração prestados, desde a fase de planeamento da caminhada até ao
acompanhamento durante o percurso pedestre.
Finalmente entraram em cena os artistas, não só os
consagrados Inácio e Ramalhete, mas também muitos amadores, alguns dos quais foram
autênticas surpresas pautadas pela qualidade das suas intervencões. Exemplos:
Graça Sena, André Correia, Fortunato de Sousa, António Clemente, Nela Costa,
Angelina, Manuel Reis, Kinita, João Duarte (homem espectáculo) e todos os que através das suas vozes
acompanharam em côro os artistas atrás mencionados.
O chá de final de dia para os que viajaram mais
cedo até Lisboa ficou adiado para a próxima jornada caminhadeira, enquanto um
pequeno grupo que resistiu até mais tarde, ainda se deslocou atá Nisa para aí
cumprir a tradição com um chá e uma queijada.
Saudações Caminhadeiras em passada curta e
saltitante de avòs e netos,
Fortunato de Sousa
4 comentários:
Boa tarde Caminhadeiros,
Mais uma excelente caminhada junto ao Tejo que nos maravilhou com lindas paisagens.
Uma agradável surpresa as iguarias servidas no restaurante do Sr. Inácio (Túlio).
Uma tarde cultural muito animada, que me surpreendeu pela positiva com a actuação artistas consagrados (Inácio+Ramalhete) e de todos os outros amadores intervenientes.
Uma reportagem excelente do n/ Caminhadeiro-mor (F.S.).
Imagens espectaculares do n/ Fotógrafo-mor (L.M.).
Agradecimentos aos guias (Sérgio Cebola e António Pimpão) pelo apoio que nos deram durante toda a caminhada.
*escrito de acordo com antiga ortografia
Saudações Caminhadeiras,
Miguel Cardoso
Não venho comentar a bela caminhada que fizemos, nem a bela paisagem que admirámos e muito menos elogiar o repórter que escreveu a extraordinária reportagem, nem as belíssimas fotos tiradas por mestres fotógrafos, venho sim, chamar a vossa atenção para três informações importantes e que são:
1ª - A caminhadeira Graça Sena está a 3,7 kms do Bastão de Bronze.
2ª - A caminhadeira Odete Vicente está a 900 metros do Bastão de Prata.
Parabéns Caminhadeiras.
3ª - Foi publicado na VIDEOTECA a ultima obra prima do mestre realizador Caminhadeiro Sentado e que foi apresentada na caminhada de Tancos, sobre um tema bastante interessante dos nossos Caminhadeiros e que se intitula " Chapéus Há Muitos" e que demonstra que mesmo sentado, está sempre presente. Parabéns Carlos.
Saudações caminhadeiras em passada informativa.
LF
Parte I
Bom! É sempre difícil dizer que estamos em falta... Pois! É que não disse uma palavra acerca da caminhada anterior e, se não me despacho, corro o risco de não dizer nada sobre esta.
E considero isso uma falta de ‘savoir vivre’ com quem tão bem organizou as duas caminhadas que tiveram como fundo o nosso querido rio Tejo.
Este rio, só por si, justifica visitas amiudadas: ver as suas águas, num local tão revoltas e poderosas, noutro local tão amenas e enganadoras; ver as suas margens que ele, ao longo de milénios, foi moldando à sua ‘vontade’; ver a fauna e a flora por vezes tão característica da sua proximidade.
Mas há coisas que ele não criou, há coisas em que ele interferiu para que surgissem, pelo menos directamente.
Falando agora da caminhada anterior: quando era miúdo havia um tipo de literatura que me cativava (e se calhar a outros...) e que eram os livros de cowboys e os de aventuras para a rapaziada. Passados uns bons anitos começou a moda dos livros de aventuras baseados em mistérios de universos paralelos, de forças desconhecidas e de, sobretudo, partes da História que nunca foram esclarecidos (nem muito nem pouco, nem bem nem mal, nem havendo a certeza sequer de terem acontecido). Refiro-me àquelas estórias que recorrem aos cruzados, aos tesouros de certas Ordens religiosas, à busca do Santo Graal etc, etc e tal. Ninguém sabe nada de nada (ou quase) mas que nos fazem sonhar, fazem. É aqui que encontro lugar para o Castelo de Almourol e para toda a região próxima de Tomar. É aqui que sonho com Cavaleiros, com Tesouros, com Mouros e Donzelas feiticeiras e enfeitiçadas, em sociedades em que os maus eram maus e os bons eram bons. Não como hoje em que os bons muitas vezes são maus e em que os maus são muito piores do que parecem porque se camuflam de bons. É aqui que a imaginação voa e, felizmente por agora, não sei por quanto tempo mais... sonhar ainda não paga imposto.
Foi uma bela caminhada que, mais uma vez, teve o beneplácito do ‘S.Pedro’ – a quem agradecemos reverentemente - e em que tudo o resto foi GRANDE, mas as pessoas em convívio foram MAIORES.
Bem hajam, organizadores!
A & LM
Parte II
A passada caminhada, mais uma vez em ‘terras’ do rio Tejo foi para nós uma descoberta. Se da anterior já conhecíamos a região desta nada conhecíamos. E muito ganhámos em conhecê-la. Uma aldeia, perdão, uma vila com brazão de quatro torres, para nós totalmente desconhecida – nunca ouvíramos falar dela – que, além dum castelo, pequeno mas muito bem conservado, exterior e interiormente, com uma torre contendo salas de exposições, possui também casas antigas muito bem conservadas onde se encontram vestígios de arquitectura que nos levam com facilidade a tempos muito remotos... criando à nossa volta um ambiente extremamente acolhedor, porque o que vemos é lindo, está bem conservado e cuidado no dia-a-dia, e as pessoas são muito simpáticas. Sente-se o gosto de as pessoas lá viverem e de mostrarem aos visitantes o que desfrutam. Um dos pontos altos da caminhada foi a parte baixa do percurso: os três quilómetrozitos do muro de sirga que nos fez andar ao lado de águas revoltas dum lado e, doutro, tendo águas que desciam da serra ansiosas por chegar ao grande rio que é o Tejo. Já nem falo da quantidade de água que tive de pisar no muro para limpar os meus ténis e da atenção que era precisa para evitar escorregar em pedras tão lisas.
Também aqui se faz sentir o peso da História e a beleza que as suas lendas nos transmitem como veículo de memórias de quando a escrita não era conhecida mas em que o factos eram importantes para consolidar uma nação ou agregar famílias e pessoas.
É a rainha S.Isabel ou são as Fadas invisíveis... Pouco importa. É a formação de um país, de uma nacionalidade, de uma união de gentes diversas sob a orientação de uma História iniciadora e formadora.
Bem hajam, organizador e colaboradores.
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