Álbuns de Fotos:
Fortunato de Sousa/Gabriela Bentes
Luis Martins
Dores Alves
Lúcio Libânio
Miguel Cardoso
Virgílio Vargas
Data do Encontro: 05/02/2014
Local: Graça do Divor – Ecopista
do Ramal Évora - Mora
Percurso: - 13, 500 kms - 03: 00 Horas
Caminhantes: (31) Angelina Martins; António Dionísio; Carlos Penedo; Dores
Alves; Fátima Libânio; Fortunato Sousa; Gabriela Bentes; Gilberto Santos; Graça
Sena; João Costa; João Duarte; João Figueiredo; José da Clara; Lina Fernandes; Lúcio
Libânio; Luís Fernandes; Luís Martins; Lurdes Clara; Manuel Garcia; Manuel
Pedro; Manuel Reis; Margarida Serôdio; Maria do Céu; Miguel Cardoso; Nela
Costa; Odete Vicente; Rogério Matias; Sílvia Dionísio; Teresa Palma; Virgílio
Vargas; Vitor Gonçalves;
Não Caminhantes: (3) Gil Furtado; Mariana
Dionísio; Pedro Dionísio.
Organizador: Fortunato de Sousa
Almoço: Restaurante ‘DIVOR’ - (tel. 266.967.165)
Próxima Caminhada: 19/02/2014 – (Rogério
Matias)
Reportagem:
Um alentejano a fazer a reportagem de uma caminhada
realizada no Alentejo, parece à partida uma tarefa fácil. Puro engano, porque a
responsabilidade e o rigor na qualidade do produto final é muito mais exigente
neste caso. Daí, que tenha de ser bastante mais realista e criativo nos factos
que irei narrar. Vamos ver se consigo.
Começo já por dizer, que desde a publicação da
reportagem até ao fecho das inscrições, andei sempre muito intranquilo e expectante
quanto ao número de participações no evento. E isto porquê? Podem vocês
perguntar. Pois por 2 ordens de razão, posso eu responder.
1ª - Estamos a viver um pico de gripe, que
afectando um grande número de criaturas, só por milagre não atingiria o universo
Caminhadeiro. Eu mesmo participei no evento, sob os efeitos da epidemia com que
o Inverno nos brinda todos os anos.
2ª - O mau tempo que se fez sentir nos dias
anteriores à caminhada, referenciados sobejamente pela comunicação social com
os avisos de côr laranja, amarelo, vermelho ou cobrindo mesmo todas as cores do
arco-iris, só podiam contribuir para pôr em causa o sucesso que eu ambicionava
ter na realização deste evento no meu Alentejo.
Se tudo isto só por si não bastasse, tinha o número
de participantes (13!!!) na caminhada de 2010 neste mesmo local como referência
nada positiva. Nesse ano, sofremos aqui as agruras de uma terrível canícula em
pleno mês de Setembro, que nos afastou destas terras durante quase 4 anos.
Voltar ao mesmo local sem desfazer o enguiço, poderia ser o indício da
continuação do agoiro ou mau presságio, que nos poderia afastar de novo desta
bonita região
E foi assim que dia após dia, alguma vezes hora após
hora, lá ia contando o número de inscrições e de presenças. E a coisa até nem
estava nada mal, ou seja, ia além das minhas primeiras expectativas. No final
do dia 2, Domingo, que encerrava formalmente o período de inscrições, havia 35
presenças confirmadas. Ufa! Desta já me safei. Só falta desfazer o enguiço.
Terça-Feira de manhã falo pelo telefone com o
António Palma, e ele diz-me que não tenciona desistir, mas a noite anterior
tinha sido má em termos de estado de saúde. Ao final do dia, telefona-me de
novo o António a confirmar a sua impossibilidade em participar. Não se sentia
nada melhor, tinha muita pena mas não ia
estar presente. - Paciência meu amigo, a saúde está primeiro e sendo assim o
melhor mesmo é ficares em casa a recuperar (mas eu sempre com o número 13 na
ideia).
De seguida, telefona-me o Gil Furtado, que tinha
estado num almoço com um casal amigo desde
as 13 horas, durou até às 8 da noite, tinha bebido 3 ou 4 cafés (quanto
a outro tipo de bebidas não se pronunciou) e a consequência disto iria ser uma
noite em claro. Só que não desistia nem por sombras de marcar presença na
caminhada do dia seguinte (13 outra vez, agora nas horas).
Toca de novo o telefone, atendo, e ouço do lado de
lá: Amigo Fortunato, sou o Luís Penedo. É pá, eu e Graça temos muita pena, mas
é para comunicar que amanhã não podemos ir caminhar com vocês. O estado do
tempo, estás a ver não é? Chegámos do Minho há dias, e agora a previsão
meteorologia para amanhã não é nada agradável. - Óh Luís, tudo bem, não há
problema nenhum. Não vão desta vez, vão para a próxima, que o tempo vai
melhorar com certeza.
Bem, com estas 3 desistências, quantos vão? Eram
35, menos 3, são 32 pessoas, menos mau.
E aí lembrei-me: Eh pá, se desistisse outro seriam
31 e 31 é o número inverso de 13 e desfazia o enguiço. Ainda para mais, dizem
que uma capicua dá sorte. Só que as 32 presenças estavam confirmadas, e agora
desistir alguém também não seria um bom sinal.
No dia seguinte, concentração do pessoal
Caminhadeiro participante na rua Principal, em frente ao restaurante Divor. O
Rogério vem ter comigo, cumprimenta-me e diz: Olha Fortunato, o nosso amigo
Gil, telefonei-lhe às seis e meia da manhã para o despertar e disse-me que não
pode vir. Passou a noite em claro e mais não sei quê, mas tu já sabes como ele
é, também ainda está constipado e por isso não veio. - É pá que chatice,
coitado do Gil, respondi eu com ar pesado, mas com uma enorme alegria interior.
Estava garantida a participação de 31 Caminhadeiros e desfeito o agoiro. Alguns
se lembrarão de eu ter dito em voz alta: Agora é que o Gil nos arranjou um belo
31.
Eis que chega o sr. João, proprietário do
restaurante onde iríamos almoçar. Digo-lhe que deve preparar amesendamento para
33 pessoas e fica combinado o repasto para a 1 hora. Para a 1 não, para as 13, disse ele a rir com
o seu ar brincalhão.
Foto de grupo tirada aos 31 participantes, uma
curta informação do organizador sobre o programa do dia que iríamos ter e lá
partimos para a caminhada. A temperatura
estava amena, o céu nublado, mas nada de
chuva por enquanto.
Seguimos pela ecopista em direcção à antiga estação
de Arraiolos, com vários pequenos grupos a formarem-se de acordo com o passo ou
o ritmo mais ou menos acelerado de cada um deles. Os que por cá já tinham
passado, comentavam a grande diferença entre a
paisagem alentejana no verão em Setembro, com a de agora em Fevereiro no
Inverno. Só os buracos dos coelhos nas encostas da ecopista e a fauna habitual
desta região permaneciam inalteráveis, mas a planície com os tons amarelo acastanhados
do verão, estava agora literalmente modificada. O verde carregado da copa das
azinheiras e dos sobreiros sobressaía por cima dos tapetes maioritariamente
verdejantes dos campos, já com algumas manchas bem coloridas de pequeninas
plantas e flores a brotar do chão, pré anunciando a paisagem ímpar,
deslumbrante e de rara beleza que só a planície alentejana oferece a todos
aqueles que têm a felicidade de a visitar na Primavera.
Entretanto, umas leves pingas de chuva iam caindo,
apenas para nos lembrar que o dia era de Inverno e não outra qualquer estação
do ano.
Lá num dos
grupos da frente, o Vitor Gonçalves através do seu sempre útil e
inseparável 'walkie talkie' perguntava, se não fazíamos uma paragem para descanso
e reagrupamento. Contactado o grupo dianteiro, respondeu o Carlos Penedo que já
estavam sentados à espera no apeadeiro da ‘Sempre Noiva. Chegado o último mini
grupo, e depois de alguns minutos para descanso e reabastecimento energético,
foi colocada a questão aos presentes, se
valeria a pena tentar chegar até à antiga estação ferroviária de Arraiolos. Uns
que sim, devíamos tentar, enquanto outros eram da opinião que se deveria iniciar
o regresso. Deixou-se à consideração de cada participante optar pelo que mais
lhe parecesse conveniente. A maioria deu de imediato início ao regresso, mas um
grupo bem composto de valentões
Caminhadeiros e Caminhadeiras seguiram em
frente, tendo percorrido mais uns 3 ou 4 quilómetros. Aqui, quero realçar a boa
forma física com que o meu amigo Miguel Cardoso regressou às actividades
caminhadeiras, depois de alguns meses de ausência.
Mesmo em cima da 1 da tarde ou se quiserem das 13
horas, foi o grupo chegando ao largo de onde tínhamos partido 3 horas antes.
Foi então que mais uma vez vi o meu amigo Gilberto terminar a caminhada com o
ar vitorioso que o caracteriza, quando o esforço dispendido está mais de acordo
com o seu perfil de Caminhadeiro. Em passo acelerado e a transpirar disse-me:
Balãozinho!!! Fiz mais uns quantos kms e não fui dos últimos a chegar. – Ah
grande Gil, assim mesmo é que é!!!!!
Foram todos entrando pouco a pouco para a sala onde
seria servido o almoço, mas eu que nem sou supersticioso, decidi esperar um pouco
mais e só pisei o degrau da porta de acesso ao restaurante, precisamente às 13
horas e 31 minutos.
Sala vasta, com Caminhadeiros alegres e sorridentes
à volta das mesas bem compostas com entradas de vários mimos alentejanos
sólidos e líquidos. De entre todos muito bem degustados, foram os famosos
torresmos do rissol que se destacaram e marcaram bem a diferença dos demais
petiscos. Alguém dizia: Dia não são dias, e não sei o que é pior, se comê-los
sabendo que me vão fazer mal, ou se não os comer e ficar com este desejo e
ansiedade por saciar.
Na mesa da frente, bem ao centro, a nossa sempre
simpática amiga Graça Sena dava nas vistas com o seu turbante roxo na cabeça,
realçando ainda mais o seu sorriso maroto.
Já estão todos sentados, perguntou o Vitor
Gonçalves. Bem, então vou transmitir uma informação importante de última hora.
Levanta-se, dirige-se ao poial do fundo da sala, sobe para ele e pede a todos:
Silêncio por favor e escutem bem o que vos venho dizer:
O Fernando Bernardino ligou-me durante a manhã,
para desejar a todos uma boa caminhada e envia cumprimentos e abraços aos homens
e beijos às senhoras. Se não chovia água lá fora, choveu de imediato uma
fortíssima salva de palmas no interior da sala em homenagem ao Caminhadeiro emigrado.
Perguntas mais que muitas se seguiram, para saber mais sobre a enciclopédia
itinerante agora afastado, mas uma há que tem de ficar registada. E ele ainda é
do Benfica? Perguntou o, ?????? (a resposta, essa terá que vir através de um
comentário do próprio Bernardino, para vêr se ele sabe quem a formulou).
Segunda grande surpresa do dia. Estava prestes a
ser servido o cosido de grão, e eis que entra na sala com ar de que chega de um
planeta diferente, o grande Gil Furtado. Ele mesmo em pessoa, o que me tinha
telefonado pouco tempo antes a desejar uma óptima jornada caminhadeira e de
novo a justificar a sua ausência no evento e a lamentar-se por não poder estar
presente.
Foi aqui neste momento, após estas 2 magníficas
surpresas, que fiquei plenamente convencido, de que as 31 presenças na
caminhada tinham anulado o 13 do mau augúrio da caminhada do ano 2010. A partir
de agora, podemos voltar à Graça do Divor todos os anos e sempre que quisermos
(menos nos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro), porque o enguiço está
resolvido. O ter que ser tem muita força, e alguma coisa levou o Gil Furtado a
não participar nesta caminhada, embora ele esteja convencido que foram as
insónias, os 3 ou 4 cafés bebidos durante a tarde anterior e a noite que passou
em claro, que o desviaram de marcar presença no início. Ele que me
confidenciou, que se realmente não tinha chovido durante a caminhada, teria que
reavaliar o seu sentimento de culto religioso e render-se humildemente perante
os continuados milagres do nosso Santo protector Pedro.
Já passava das 4 horas quando iniciamos a visita ao
Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos. Visita muito interessante a uma
arte artesanal que aqui nasceu e cresceu ao longo de séculos. À Dra. Carla
Barroseiro que nos acompanhou, aqui deixamos o nosso agradecimento pelo elevado
profissionalismo, simpatia e características adequadas à função que desempenha,
bem demonstrados em todas as componentes da visita. Penso ainda assim, que
também foi compensada pela oportunidade que teve de encontrar e conhecer um
grupo alargado (no número de pessoas e no escalão etário) com um comportamento
talvez diferente do habitual, mas muito alegre, interessado e participativo na
visita.
Com o famoso e tradicional chá de final de dia,
desta vez tomado na ‘Loja Gourmet Teresa Alves’ também em Arraiolos, terminámos
mais uma jornada caminhadeira e regressámos sãos e salvos às nossas
residências.
Um agradecimento aos meus amigos do Vimieiro que me
ajudaram em todas as fases do planeamento desta jornada Caminhadeira. Foram
eles o António, o Guido, o Rui Lobo pai e o Dr. Rui Lobo filho.
Saudações Caminhadeiras em passada pré
carnavalesca, desta vez com o saber e a mestria
do grande Rogério Matias,
Fortunato de Sousa