Carlos Sales – A Última Caminhada
Disse ontem adeus à vida o nosso amigo Caminhadeiro Carlos Sales. Aquilo a que se convencionou chamar de doença prolongada foi, no seu caso, muito curta, pois bastaram apenas 3 meses desde que lhe foi diagnosticada a malvada doença no passado dia 20 de Julho.
Antes, o comentário nº 10 da mensagem ‘Coisas de Caminhadeiro 2’, o último por ele publicado no dia 25 de Agosto, foi como que uma valente bastonada que nos deixou a todos sem palavras. Toda a solidariedade expressa pelos muitos amigos nos comentários que se lhe seguiram, as muitas conversas com ele através do telefone, as visitas ao hospital nos últimos dias e o avanço da ciência médica não foram suficientes para evitar este doloroso desfecho final.
Ainda éramos poucos Caminhadeiros, quando o Carlos Sales se juntou a nós na 3ª caminhada da época 2009 / 2010, realizada pelo Manuel Reis no Parque das Nações. Depois, a partir daí, tal como ele disse no derradeiro comentário a 25 de Agosto, nunca mais faltou a uma caminhada até ao final da época 2011 / 2012.
Era um Caminhadeiro de corpo inteiro em toda a sua abrangência, e um homem de uma enorme riqueza humana. Vamos sentir muito a falta das tertúlias em que a sua presença e as suas opiniões marcavam a diferença. Com pouco tempo ainda no grupo, e fruto dos seus privilegiados conhecimentos, conseguiu uma visita cultural de última hora à Academia do seu Sporting, em Alcochete. Lembro-me da caminhada no ‘Valle del Jerte’, em que no 1º dia prolongámos a tertúlia pela noite dentro e ouvimos com toda a atenção as mais mirabolantes histórias de arbitragem (a sua grande paixão) por ele vividas ou presenciadas. As conversas entre ele e o Bernardino, o João Duarte, o Vitor Gonçalves e muitos outros sobre este tema eram impagáveis. Na caminhada que organizou 'Pelo Arnal da Apostiça, andou sempre muito preocupado pela chuvada que caíu e onde perdeu a máquina fotográfica com centenas de fotos no cartão de memória. Depois, no Fundão, na caminhada das cerejas também por ele e pela Bina organizada, de folhas de papel e lápis na mão, sempre preocupado com as refeições e toda a logística inerente à organização do evento. Nos últimos tempos, os filhos tinham-lhe oferecido um cavaquinho, e andava entusismadíssimo, em fase de aprendisagem, mas com um progresso fora do comum segundo o António Henriques. A viagem de regresso a Lisboa após a caminhada no Fundão foi disso prova. Brincalhão, de passada lenta, e a Bina sempre ao seu lado, são registos e imagens que ficarão para sempre na nossa memória.
Enfim, muito mais haveria para dizer, principalmente nesta altura, mas como muito bem dizem a Margarida, o Carlos Penedo e todos nós, o Carlos Sales, infelizmente, não vai responder às convocatórias, mas estará sempre a caminhar connosco enquanto o grupo dos Caminhadeiros existir.
Para a Bina, 'a sua chavalita', para a Tânia, para o Mauro e para o Hugo, seus filhos, que o acompanharam até ao fim com toda a dedicação e carinho que ele merecia, em nome de todo o grupo, aqui lhes deixamos um grande abraço de pesar pela perda do nosso eterno amigo Carlos Sales.
Saudações Caminhadeiras em passada muito, muito triste,
Fortunato de Sousa
9 comentários:
Hoje ficamos mais pobres.....
Percorrendo pela manhã o percurso que iremos fazer, o fiz em parte com ele sem saber que tinha partido mas , o mar, o mar, me falou algo que vim a saber da boca do Vitor, O Sales partiu, Partiu mas vai ficar no nosso coração.
Até.... Carlão
C. Evangelista
Veio à minha memória, de novo, frases dum poema de Pessoa a que me "agarro" quando parte alguém de quem gosto.
" A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto (...)
Nunca ninguém se perdeu,
Tudo é verdade e caminho"
Vai ser como diz o Carlos Penedo " o Carlos vai estar presente em cada caminhada que façamos".
E eu concordo. Nesta estrada ele vai só um pouquinho à nossa frente. Virou a curva e, por isso, não o vemos.
Até sempre Carlos!
"Dentro do corpo, no fundo,bem no fundo,mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
Mas todos sabem que ela existe.
E ainda nunca,
nunca veio alguém ao mundo
que não tivesse alma.
Porque a alma entra dentro de nós no momento em que nascemos
E não nos larga
__Nem uma só vez__
Até ao fim da nossa vida.
Como o ar que o homem respira
Desde a hora em que nasce
Até à hora em que morre."
(retirado de "O pássaro da Alma")
Obrigado pela tua grande alma!
(Para o Sales onde quer que esteja)
Tina
Hoje, dia 23 de Outubro, falou mais alto a fragilidade da nossa condição humana, mas a força da nossa amizade fará com que o Carlos esteja presente em cada nova caminhada que façamos.
Até sempre grande companheiro!!!
Não te esqueceremos.
CPenedo
Aqui a "miúda" guarda na memória e no coração o bom companheiro que partiu.
Para a Bina, Mauro, Tânia e Hugo 1 grande beijo.
Céu.
Quem passou pela vida em branca nuvem e em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,.
Quem passou pela vida e não sofreu;
foi espectro de homem, não foi homem,
só passou pela vida, não viveu.
Um homem com um coração grande como o
teu amou muito, na certa, e por isso viveu.
Até um dia.
Só se morre quando o último dos mortais que nos recorda morre ou deixa de nos de lembrar
Sinto-me mais pobre após este Verão em que perdemos quatro Amigos da IBM que nunca esqueceremos e uma colega nossa viu partir dois irmãos.
Emocionei-me com as palavras com que o Mauro se despediu do Pai como, há já alguns anos, me sensibilizou a despedida do sobrinho do Carlos André. Aquece-nos a Alma ouvir rapazes tão jovens exprimirem de uma forma tão profunda aquilo que sentem.
Até um dia Amigo Sales!
Ilda Maria
Uma pequena correcção....
Quem falou no velório foi o Hugo.
Grande Sales.....
Uma grande abraço onde quer que estejas.....
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