sexta-feira, 8 de maio de 2009

14ª Caminhada 2008/2009 Nisa - Trilhos do Conhal - 06 de Maio



Data da Caminhada: 06/05/2009
Local: Arneiro Nisa – PR4 Trilhos do Conhal
Percurso: 9 Kms / 02:00 Horas
Caminhantes: António Bernardino; António Pires; Armando Lourenço; Chico Pires; Dores Alves; Fortunato de Sousa; Gil Furtado; Gilberto Santos; Luís Fernandes; João Costa; João Figueiredo; Manuel Floxo; Manuel Pedro; Maria do Céu Pedro; Manuel Reis; Manuel Tomás; Vitor Gonçalves.
Organizador: Fortunato de Sousa
Almoço: O Túlio (Arneiro – Tel. 245.469.129) Preço: € 20,00
Próxima Caminhada: 20/05/2009 (Organiza o João Figeiredo)
Fundo de Reserva: € 392,00
Reportagem:
Após 6 semanas de interregno para carregar baterias, reeniciou o grupo ‘Os Caminhadeiros’ as actividades pedestres na sempre deslumbrante paisagem que é o norte alentejano. O percuso ‘PR4-‘Trilhos do Conhal’ localizado entre Nisa e as Portas do Rodão em plena Serra de S. Miguel, poderia mui justamente ser rebatizado para ‘Sarilhos dos Trilhos do Conhal’. É que para atingir o cimo da serra, seja no sentido efectuado o ano passado ou no inverso como foi realizado ontem, são sempre sarilhos para lá chegar. Que o diga a encilopédia itenerante chamada António Bernardino, que por várias vezes teve que interromper a marcha para descansar e baixar a cabeça (ver fotos). Justificava ele que este estranho exercício minorava uma possível perda de irrigação na caixa craniana, com a consequência dramática que seria a perda de toda a informação incluída na base de dados aí residente. Em contrapartida e como sempre em oposição de fase às opiniões do Bernardino, todos nos queixavamos mais dos pés e não da cabeça. O Gil Furtado, possuidor de uma sensibilidade intuitiva fora do normal, passados que foram 5 minutos de andamento em terreno plano, quando inclinou a cabeça para trás e viu o trilho que faltava percorrer até ao fim da subida que levava ao cimo da serra, pura e simplesmente desistiu. Sarilhos que chegassem já as tripas lhe tinham dado durante a noite e na viagem de Lisboa até ao Arneiro.
Passadas 2 horas sob um sol escaldante e já exaustos, terminou a maior parte do grupo a caminhada. Outros mais aventureiros e curiosos chegaram mais tarde, mas compensados com o cenário que a paisagem e as águas do Tejo em dia de calmaria lhes tinham proporcionado.
Depois, já com a companhia do nosso amigo Estrela Alves, que mais uma vez nos brindou com a sua presença, iniciamos o maravilhoso repasto servido pelo nosso amigo Inácio. A Sopa de Peixe é apenas deslumbrante. As postas de peixe do rio que mais parecem do mar, as ovas do dito sobre as sopas de pão e os sabores resultantes do combinado das ervas aromáticas embriagam-nos o palato. Em resposta à pergunta do Vitor Gonçalves porque são as carpas cozidas com guelras, respondeu o Inácio que se assim não fosse subtraía-se um aos 12 sabores que a sopa contém. Eu acredito.
Para finalizar e tal como no ano passado, quis o nosso amigo Inácio brindar-nos com um espectáculo extraordinário. Por mim, volto a repetir que não há na nossa praça artistíca muita obra prima com as qualidades deste homem multifacetado. Dizia a Maria do Céu que foram só 4 horas de actuação ininterrupta a cantar Fado (Tradicional e Coimbra), anos 60, Quim Barreiros, música brasileira, africana, popular portuguesa, de intervenção, etc.etc.etc....O João Figueiredo e o Balão de Sousa também deram uma ajudinha, mas garanto que por vontade do Inácio ainda lá estávamos agora.
Não esquecer o 'Caminhadeiro Mor' António Henriques que ontem não marcou presença, mas se está a preparar intensivamente na arte de bem tocar 'Cavaquinho' de modo a poder vir a ofuscar o brilho artístico do nosso amigo Inácio na componente instrumental.
Mesmo com os ‘Sarilhos dos Trilhos do Conhal’, para o ano que vem acho que temos de voltar ao Arneiro. É que não há duas sem três e o nosso amigo Dores Alves tem que voltar a Nisa para comprar os queijos.
Já ao caír do dia e entrar da noite, regressamos a Lisboa com a sensação de dever cumprido. Uns quantos ainda foram à estalagem de Vila Velha de Rodão tomar o chá da praxe.
Cumprimentos Caminhadeiros,

Fortunato de Sousa
Apendice à reportagem a pedido do Caminhadeiro Manuel Reis:
Dos pontos de interesse incluidos neste percurso pedestre, há um intitulado 'Buraco da Faiopa', com uma lenda a ele associada e que é a seguinte:
Conta o povo desta região que em tempos se guerrearam junto às Portas do Rodão mouros e cristãos. Uma dama de nome Urraca esposa de fidalgo cristão que por aqui vivia apaixonou-se por um mouro. Sempre que o marido cumpria os deveres patrióticos de combater os sarracenos, aproveitava a nobre dama para se encontar com o dito cujo mouro, naquele que é hoje conhecido como o buraco da Faiopa. Aqui praticavam lutas corpo a corpo muito diferentes das que o marido experimentava na guerra. Após muita paixão ardentemente vivida, foram um dia surpreendidos em flagrante delito pelo marido da dama que inesperadamente regressou mais cedo da contenda. Vingou-se o infortunado cristão atando uma pedra de moinho ao pescoço da traidora atirando-a pela encosta, indo esta cair no que é ainda hoje conhecido por estas bandas como ' O Pego da Urraca'.

6 comentários:

Dores Alves disse...

O amigo Balão de Sousa mais uma vez mostra os seus dotes de bom cronista. A descrição da ida a Nisa está primorosa.Tudo o resto já foi dito por ele, e de que maneira!
Um abraço,

Fortunato de Sousa disse...

Para a reportagem ficar completa, faltam as fotos e os filmes que alguns caminhadeiros recolheram nesse dia. Só com esses registos publicados poderemos recordar a maravilhosa jornada do grupo.
Cumprimentos,
Fortunato de Sousa

mreis disse...

Caminhadeiro de Sousa, já mandei o link para as fotos, cujas levam legendas para ver se espicaçam outros comentários de alguns que 'falam, falam, falam, mas depois não escrevem nada'.
E está lá uma coisa que falta na reportagem: o famosissimo 'Buraco da Faiopa' que por acaso ninguem viu mas cuja história alguem me contou pelo caminho e que poderia ser acrescentada pelo tal erudito. Isto se o meu amigo não levar a mal que lhe acrescentem algo...

Ahenriques disse...

Amigos, que grande caminhada.
Fico contente em saber que o Bernardino resistiu, bravo Bernardino.
Que pena de não terem feito video da actuação do grande mestre Inácio.

Um abraço
Ahenriques

mreis disse...

a maior reportagem fotografica de sempre! e com legendas! e ainda faltam os filmes do chico.
parafraseando o 'nosso' poeta tambem se faz caminho a fotografar.

Anónimo disse...

Desta vez temos uma galeria de fotos em que vários caminhadeiros tiveram oportunidade de evidenciar as suas qualidades de repóters fotográficos. Temos que nomear dentro do grupo uma comissão credívem e isenta, que no fim do ano selecionará os melhores registos fotográficos.
Quanto à lenda da Faiopa que o Manel Reis muito legitimamente menciona e solicita no seu comentário que seja publicada, vou adicioná-la à reportagem procurando não alterar o que ele e eu ouvimos do Chico Pires.
Um abraço,
Fortunato de Sousa