Álbuns de Fotos:
Fortunato de Sousa/Gabriela Bentes
Luis Martins
Dores Alves
Lúcio Libânio
Miguel Cardoso
Virgílio Vargas
Data do Encontro: 05/02/2014
Local: Graça do Divor – Ecopista
do Ramal Évora - Mora
Percurso: - 13, 500 kms - 03: 00 Horas
Caminhantes: (31) Angelina Martins; António Dionísio; Carlos Penedo; Dores
Alves; Fátima Libânio; Fortunato Sousa; Gabriela Bentes; Gilberto Santos; Graça
Sena; João Costa; João Duarte; João Figueiredo; José da Clara; Lina Fernandes; Lúcio
Libânio; Luís Fernandes; Luís Martins; Lurdes Clara; Manuel Garcia; Manuel
Pedro; Manuel Reis; Margarida Serôdio; Maria do Céu; Miguel Cardoso; Nela
Costa; Odete Vicente; Rogério Matias; Sílvia Dionísio; Teresa Palma; Virgílio
Vargas; Vitor Gonçalves;
Não Caminhantes: (3) Gil Furtado; Mariana
Dionísio; Pedro Dionísio.
Organizador: Fortunato de Sousa
Almoço: Restaurante ‘DIVOR’ - (tel. 266.967.165)
Próxima Caminhada: 19/02/2014 – (Rogério
Matias)
Reportagem:
Um alentejano a fazer a reportagem de uma caminhada
realizada no Alentejo, parece à partida uma tarefa fácil. Puro engano, porque a
responsabilidade e o rigor na qualidade do produto final é muito mais exigente
neste caso. Daí, que tenha de ser bastante mais realista e criativo nos factos
que irei narrar. Vamos ver se consigo.
Começo já por dizer, que desde a publicação da
reportagem até ao fecho das inscrições, andei sempre muito intranquilo e expectante
quanto ao número de participações no evento. E isto porquê? Podem vocês
perguntar. Pois por 2 ordens de razão, posso eu responder.
1ª - Estamos a viver um pico de gripe, que
afectando um grande número de criaturas, só por milagre não atingiria o universo
Caminhadeiro. Eu mesmo participei no evento, sob os efeitos da epidemia com que
o Inverno nos brinda todos os anos.
2ª - O mau tempo que se fez sentir nos dias
anteriores à caminhada, referenciados sobejamente pela comunicação social com
os avisos de côr laranja, amarelo, vermelho ou cobrindo mesmo todas as cores do
arco-iris, só podiam contribuir para pôr em causa o sucesso que eu ambicionava
ter na realização deste evento no meu Alentejo.
Se tudo isto só por si não bastasse, tinha o número
de participantes (13!!!) na caminhada de 2010 neste mesmo local como referência
nada positiva. Nesse ano, sofremos aqui as agruras de uma terrível canícula em
pleno mês de Setembro, que nos afastou destas terras durante quase 4 anos.
Voltar ao mesmo local sem desfazer o enguiço, poderia ser o indício da
continuação do agoiro ou mau presságio, que nos poderia afastar de novo desta
bonita região
E foi assim que dia após dia, alguma vezes hora após
hora, lá ia contando o número de inscrições e de presenças. E a coisa até nem
estava nada mal, ou seja, ia além das minhas primeiras expectativas. No final
do dia 2, Domingo, que encerrava formalmente o período de inscrições, havia 35
presenças confirmadas. Ufa! Desta já me safei. Só falta desfazer o enguiço.
Terça-Feira de manhã falo pelo telefone com o
António Palma, e ele diz-me que não tenciona desistir, mas a noite anterior
tinha sido má em termos de estado de saúde. Ao final do dia, telefona-me de
novo o António a confirmar a sua impossibilidade em participar. Não se sentia
nada melhor, tinha muita pena mas não ia
estar presente. - Paciência meu amigo, a saúde está primeiro e sendo assim o
melhor mesmo é ficares em casa a recuperar (mas eu sempre com o número 13 na
ideia).
De seguida, telefona-me o Gil Furtado, que tinha
estado num almoço com um casal amigo desde
as 13 horas, durou até às 8 da noite, tinha bebido 3 ou 4 cafés (quanto
a outro tipo de bebidas não se pronunciou) e a consequência disto iria ser uma
noite em claro. Só que não desistia nem por sombras de marcar presença na
caminhada do dia seguinte (13 outra vez, agora nas horas).
Toca de novo o telefone, atendo, e ouço do lado de
lá: Amigo Fortunato, sou o Luís Penedo. É pá, eu e Graça temos muita pena, mas
é para comunicar que amanhã não podemos ir caminhar com vocês. O estado do
tempo, estás a ver não é? Chegámos do Minho há dias, e agora a previsão
meteorologia para amanhã não é nada agradável. - Óh Luís, tudo bem, não há
problema nenhum. Não vão desta vez, vão para a próxima, que o tempo vai
melhorar com certeza.
Bem, com estas 3 desistências, quantos vão? Eram
35, menos 3, são 32 pessoas, menos mau.
E aí lembrei-me: Eh pá, se desistisse outro seriam
31 e 31 é o número inverso de 13 e desfazia o enguiço. Ainda para mais, dizem
que uma capicua dá sorte. Só que as 32 presenças estavam confirmadas, e agora
desistir alguém também não seria um bom sinal.
No dia seguinte, concentração do pessoal
Caminhadeiro participante na rua Principal, em frente ao restaurante Divor. O
Rogério vem ter comigo, cumprimenta-me e diz: Olha Fortunato, o nosso amigo
Gil, telefonei-lhe às seis e meia da manhã para o despertar e disse-me que não
pode vir. Passou a noite em claro e mais não sei quê, mas tu já sabes como ele
é, também ainda está constipado e por isso não veio. - É pá que chatice,
coitado do Gil, respondi eu com ar pesado, mas com uma enorme alegria interior.
Estava garantida a participação de 31 Caminhadeiros e desfeito o agoiro. Alguns
se lembrarão de eu ter dito em voz alta: Agora é que o Gil nos arranjou um belo
31.
Eis que chega o sr. João, proprietário do
restaurante onde iríamos almoçar. Digo-lhe que deve preparar amesendamento para
33 pessoas e fica combinado o repasto para a 1 hora. Para a 1 não, para as 13, disse ele a rir com
o seu ar brincalhão.
Foto de grupo tirada aos 31 participantes, uma
curta informação do organizador sobre o programa do dia que iríamos ter e lá
partimos para a caminhada. A temperatura
estava amena, o céu nublado, mas nada de
chuva por enquanto.
Seguimos pela ecopista em direcção à antiga estação
de Arraiolos, com vários pequenos grupos a formarem-se de acordo com o passo ou
o ritmo mais ou menos acelerado de cada um deles. Os que por cá já tinham
passado, comentavam a grande diferença entre a
paisagem alentejana no verão em Setembro, com a de agora em Fevereiro no
Inverno. Só os buracos dos coelhos nas encostas da ecopista e a fauna habitual
desta região permaneciam inalteráveis, mas a planície com os tons amarelo acastanhados
do verão, estava agora literalmente modificada. O verde carregado da copa das
azinheiras e dos sobreiros sobressaía por cima dos tapetes maioritariamente
verdejantes dos campos, já com algumas manchas bem coloridas de pequeninas
plantas e flores a brotar do chão, pré anunciando a paisagem ímpar,
deslumbrante e de rara beleza que só a planície alentejana oferece a todos
aqueles que têm a felicidade de a visitar na Primavera.
Entretanto, umas leves pingas de chuva iam caindo,
apenas para nos lembrar que o dia era de Inverno e não outra qualquer estação
do ano.
Lá num dos
grupos da frente, o Vitor Gonçalves através do seu sempre útil e
inseparável 'walkie talkie' perguntava, se não fazíamos uma paragem para descanso
e reagrupamento. Contactado o grupo dianteiro, respondeu o Carlos Penedo que já
estavam sentados à espera no apeadeiro da ‘Sempre Noiva. Chegado o último mini
grupo, e depois de alguns minutos para descanso e reabastecimento energético,
foi colocada a questão aos presentes, se
valeria a pena tentar chegar até à antiga estação ferroviária de Arraiolos. Uns
que sim, devíamos tentar, enquanto outros eram da opinião que se deveria iniciar
o regresso. Deixou-se à consideração de cada participante optar pelo que mais
lhe parecesse conveniente. A maioria deu de imediato início ao regresso, mas um
grupo bem composto de valentões
Caminhadeiros e Caminhadeiras seguiram em
frente, tendo percorrido mais uns 3 ou 4 quilómetros. Aqui, quero realçar a boa
forma física com que o meu amigo Miguel Cardoso regressou às actividades
caminhadeiras, depois de alguns meses de ausência.
Mesmo em cima da 1 da tarde ou se quiserem das 13
horas, foi o grupo chegando ao largo de onde tínhamos partido 3 horas antes.
Foi então que mais uma vez vi o meu amigo Gilberto terminar a caminhada com o
ar vitorioso que o caracteriza, quando o esforço dispendido está mais de acordo
com o seu perfil de Caminhadeiro. Em passo acelerado e a transpirar disse-me:
Balãozinho!!! Fiz mais uns quantos kms e não fui dos últimos a chegar. – Ah
grande Gil, assim mesmo é que é!!!!!
Foram todos entrando pouco a pouco para a sala onde
seria servido o almoço, mas eu que nem sou supersticioso, decidi esperar um pouco
mais e só pisei o degrau da porta de acesso ao restaurante, precisamente às 13
horas e 31 minutos.
Sala vasta, com Caminhadeiros alegres e sorridentes
à volta das mesas bem compostas com entradas de vários mimos alentejanos
sólidos e líquidos. De entre todos muito bem degustados, foram os famosos
torresmos do rissol que se destacaram e marcaram bem a diferença dos demais
petiscos. Alguém dizia: Dia não são dias, e não sei o que é pior, se comê-los
sabendo que me vão fazer mal, ou se não os comer e ficar com este desejo e
ansiedade por saciar.
Na mesa da frente, bem ao centro, a nossa sempre
simpática amiga Graça Sena dava nas vistas com o seu turbante roxo na cabeça,
realçando ainda mais o seu sorriso maroto.
Já estão todos sentados, perguntou o Vitor
Gonçalves. Bem, então vou transmitir uma informação importante de última hora.
Levanta-se, dirige-se ao poial do fundo da sala, sobe para ele e pede a todos:
Silêncio por favor e escutem bem o que vos venho dizer:
O Fernando Bernardino ligou-me durante a manhã,
para desejar a todos uma boa caminhada e envia cumprimentos e abraços aos homens
e beijos às senhoras. Se não chovia água lá fora, choveu de imediato uma
fortíssima salva de palmas no interior da sala em homenagem ao Caminhadeiro emigrado.
Perguntas mais que muitas se seguiram, para saber mais sobre a enciclopédia
itinerante agora afastado, mas uma há que tem de ficar registada. E ele ainda é
do Benfica? Perguntou o, ?????? (a resposta, essa terá que vir através de um
comentário do próprio Bernardino, para vêr se ele sabe quem a formulou).
Segunda grande surpresa do dia. Estava prestes a
ser servido o cosido de grão, e eis que entra na sala com ar de que chega de um
planeta diferente, o grande Gil Furtado. Ele mesmo em pessoa, o que me tinha
telefonado pouco tempo antes a desejar uma óptima jornada caminhadeira e de
novo a justificar a sua ausência no evento e a lamentar-se por não poder estar
presente.
Foi aqui neste momento, após estas 2 magníficas
surpresas, que fiquei plenamente convencido, de que as 31 presenças na
caminhada tinham anulado o 13 do mau augúrio da caminhada do ano 2010. A partir
de agora, podemos voltar à Graça do Divor todos os anos e sempre que quisermos
(menos nos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro), porque o enguiço está
resolvido. O ter que ser tem muita força, e alguma coisa levou o Gil Furtado a
não participar nesta caminhada, embora ele esteja convencido que foram as
insónias, os 3 ou 4 cafés bebidos durante a tarde anterior e a noite que passou
em claro, que o desviaram de marcar presença no início. Ele que me
confidenciou, que se realmente não tinha chovido durante a caminhada, teria que
reavaliar o seu sentimento de culto religioso e render-se humildemente perante
os continuados milagres do nosso Santo protector Pedro.
Já passava das 4 horas quando iniciamos a visita ao
Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos. Visita muito interessante a uma
arte artesanal que aqui nasceu e cresceu ao longo de séculos. À Dra. Carla
Barroseiro que nos acompanhou, aqui deixamos o nosso agradecimento pelo elevado
profissionalismo, simpatia e características adequadas à função que desempenha,
bem demonstrados em todas as componentes da visita. Penso ainda assim, que
também foi compensada pela oportunidade que teve de encontrar e conhecer um
grupo alargado (no número de pessoas e no escalão etário) com um comportamento
talvez diferente do habitual, mas muito alegre, interessado e participativo na
visita.
Com o famoso e tradicional chá de final de dia,
desta vez tomado na ‘Loja Gourmet Teresa Alves’ também em Arraiolos, terminámos
mais uma jornada caminhadeira e regressámos sãos e salvos às nossas
residências.
Um agradecimento aos meus amigos do Vimieiro que me
ajudaram em todas as fases do planeamento desta jornada Caminhadeira. Foram
eles o António, o Guido, o Rui Lobo pai e o Dr. Rui Lobo filho.
Saudações Caminhadeiras em passada pré
carnavalesca, desta vez com o saber e a mestria
do grande Rogério Matias,
Fortunato de Sousa
23 comentários:
Com enguiço ou sem ele, foi uma boa caminhada. Fortunato estás "desembruxado" por isso podemos voltar ao Divor no verão, no inverno ou em qualquer altura. Quanto ao 1,5 Km para a estação é mesmo de alentejano ou como diz o outro é já ali.
Bjs
Céu
Mais uma vez fiquei deleitada com o relato do meu grande amigo Fortunato (é um prazer). A caminhada/visita/lanche no seu querido Alentejo foi descrita na perfeição, porque esteve tudo efectivamente perfeito.
(Amei aquelas trocas e baldrocas do enguiço ...)
Bj
Gabriela
Mesmo com 31 foi mais uma jornada caminhadeira muito bem elaborada pelo caminhadeiro e amigo Fortunato. Coprreu tudo maravilhosamente penso mesmo que melhor não poderia ser.
Atenção á foto da capa do meu album onde se pode provar a disputa acalorada entre o Gil e o Rogério. Por quem estavam lutando ?
O importante é que nenhum deles ficou magoado. O fotógrafo é que não deixou passar este incidente...
Abraços em passada amiga.
Bom... Não queremos deixar de expressar aqui que sentimos, bem fundo, a frase mais frequente e importante nas reportagens deste blog após as já muitas caminhadas: ‘Tudo bom como de costume’. É quase um lugar comum, o que vem atestar o elevado nível das nossas caminhadas que são organizadas por amadores – diríamos mais – e amantes de dias como este último que, como muitos, senão todos, pensarão. As coisas - locais de caminhada, refeições e visitas culturais – são de tal modo bem organizadas e bem trabalhadas e desenvolvidas, que não deixaria nenhuma agência de viagens mal vista.
E o cumprimento dos horários por parte dos caminhadeiros também ajuda.
É claro que alguns dias, como este último, são perfeitos (pelo menos para alguns, e estou-me a lembrar dos que gostam de andar um pouco mais e mais dificilmente) como é o nosso caso que encontrámos um trajecto bastante acessível que nos ia permitindo manter diversas conversas. Mas até desta vez houve a possibilidade de se fazer mais uns quilómetrozitos. Foi uma jornada Caminhadeira de cinco estrelas. Não dou mais porque não posso porque, se pudesse, daria uma sexta estrela para a espectacular reportagem – o jogo das palavras, a atenção aos pormenores, a descrição, o ambiente dramático crescente etc, etc e tal. Delirámos com ela. Um abraço para ti, Fortunato.
E para toda a gente também.
Angelia e LM
Fogo, Balão!
Não gosto nada de começar por esta exclamaçãozinha inócua, nem carne nem peixe, mas aqui, no blogue, em público, não posso ultrapassar certos limites da decência, o que me impede de usar o vernáculo apropriado ao que vou dizer. E o que vou revelar, quero crer que ainda não foi detectado por nenhum outro caminhadeiro. Se o fora, já teriam comentado.
Mas deixem-me começar por um preâmbulo. Gosto de brincar – de maneira muito incipiente, diga-se – com números interessantes e seus algarismos. Não é que os procure, mas encontro-os por todo o lado, e então nos relógios digitais é um ver se te avias: capicuas, repetições, sequências e outras curiosidades… Repare-se, por exemplo, nesta hora: 12:35. São os quatro primeiros números primos, e onde 1+2=3 e 2+3=5, ou seja cada soma de dois algarismos contíguos dá como resultado o algarismo seguinte. Esta hora ainda permite outras brincadeiras, mas não me quero alongar. Só quero contar o caso.
E o caso é que, no domingo, quando liguei o computador para “iniciar o meu dia de trabalho”, reparei que o relógio do Windows, no canto inferior direito do ecrã, indicava 13:13. Achei graça, mas, como desde muito jovem me treino para não crer em superstições de nenhuma espécie, segui despreocupadamente adiante. Dei uma olhadela aos títulos dos últimos mails e fui, como vinha fazendo desde a quinta-feira, espreitar o Blogue, a ver se já lá estava a reportagem. Não estava. Sendo o Balão a pessoa disciplinada que é, este atraso provocava alguma estranheza, mas como sei que ele tinha um aniversário de um dos muitos netos, não me preocupei. E passei a outras tarefas.
Mais tarde volto ao blogue, e descanso: lá estava a reportagem. Começo por analisar, como sempre, as fotografias do frontispício, e durante uns segundos estranho não me encontrar na fotografia de grupo, mas foi só o tempo de me lembrar que a essa hora eu ainda não tinha chegado. Conto os fotografados – é outro tique que nunca me escapa, tal como o de contar os degraus que subo ou desço, mas essa é outra história – somo-lhe o fotógrafo e obtenho 31. Confirmo o número de presenças indicado na reportagem e inicio a leitura desta. Leio-a de ponta a ponta, com muito agrado, e divirto-me com a brincadeira desenvolvida pelo Balão. «É mesmo de alentejano antigo, daqueles que prezam as conversas ao serão!» – ocorre-me. Inevitavelmente, dou por mim a glosar o mesmo tema – e a pensar aproveitá-lo para o comentário que desde logo começo a imaginar.
Alguns exemplos:
No meu almoço da véspera que começara às 13, os cafés foram 5. ( E as outras bebidas, poucas). Somados com a hora de fim de conversa (8 da noite), temos outro 13.
É um facto que o sempre prestável amigo Rogério me ligou, conforme combinado de antemão, às 6 e ½ da manhã, mas como eu também lhe liguei, por outros telefones, a essa mesma hora – para lhe pedir que não me ligasse pois eu, acabado de adormecer, tinha posto dois despertadores a acordarem-me para poder avisar o Rogério que não me ligasse porque eu não estava capaz de acordar –, temos mais um 13 (2x6 e ½).
Aparentemente repousado, levantei-me às 11:02 ou 11:20, não sei bem, mas a soma dos algarismos dá 13, e a primeira coisa que faço, ainda com voz de sono, é telefonar ao organizador da caminhada Estavam na paragem de reabastecimento, “à sombra de uma azinheira”. Agora, a ler a reportagem, imagino-os parados durante 13 minutos, nem mais, nem menos, mas sem se aperceberem disso.
Após vários contactos secretos com o restaurante, e estando eu já na A6, parte quase final da viagem, volto a ligar ao senhor João, estalajadeiro. «Estão agora a chegar» - informa-me ele. Diz o Balão que chegaram ao restaurante em cima das 13. Assim sendo, também eu liguei às 13!
A lista de coincidências, se já era impressionante, passaria a assustar os mais timoratos. Mas sempre com outras tarefas à minha espera – esta minha vida de reformado a tempo inteiro quase não me deixa tempo livre –, e porque ainda não havia comentários nem fotografias, resolvi deixar a minha intervenção para mais tarde.
Volto hoje ao Blogue. Já há alguns comentários, embora poucos, e alguns álbuns fotográficos, embora menos do que eu esperava. Começo pela leitura dos comentários. Agradam-me, como é costume. (Não há dúvida que o uso da palavra foi uma grande invenção do macaco, e a escrita uma maravilhosa criação de um analfabeto.) Vejo, de seguida, as fotografias, com muito prazer, e detecto a presença de uma nova fotógrafa, que desde já felicito, e apraz-me conseguir distinguir, pelo estilo, algumas das suas fotografias das do seu parceiro de máquina. Das fotografias do Luís Fernandes, de boas que são, já nem falo!...
Lamento a ausência de álbuns de outros fotógrafos, e releio a reportagem. E é no fim dela, mesmo na última linha, aliás após a última linha, que, por mero acaso, os olhos me resvalam para a esquerda do número de comentários, para um pormenor ao qual ninguém presta atenção, e que eu, antes, também não tinha notado.
Fiquei siderado! E larguei um «fogo!» com as letras todas! Mas não vou dizer o que vi. Repito o que disse no início: se alguém se tivesse apercebido já teria comentado. Assim, deixo à curiosidade de cada um o prazer da descoberta.
Balão, sei que vais já a correr ver, mas digo-te: se isto não é acaso puro, então só pode ter havido uma inteligência superior a guiar-te a mão! E ainda digo outra: vai à reportagem, e, na “Data do encontro”, emenda a distracção: escreveste 06/11/2013. Foi pena não teres errado só o ano (5/2/2013) ou acertado apenas o dia (5/11/2013), pois a soma desses algarismos daria 13. Mas pensando melhor: deixa ficar assim: se emendas, estragas o misterioso efeito da tal última linha.
E agora, mais do que nunca, reclamo os meus 13 km honorários. Treze e não 13,5, porque desta vez, dadas todas as coincidências, o contador dos passos do nosso senhor Ministro das Finanças - e também dos ditos passos - só poderia estar mal aferido. E ao chá, aquando da votação, todos ficaram calados. Como quem cala consente, considero que a moção foi aprovada por unanimidade e aclamação. Ó malvadas e malvados – sem ofensa – vocês não têm dó de quem perdeu a beleza do trilho nesta época do ano?! Pior do que perder a graça do Senhor é perder a graça de Nossa Senhora do Divor.
Fico à espera de novos comentários e álbuns para eventualmente dizer mais alguma coisa.
Com saudações inteiramente despidas de qualquer forma de superstição – juro! – e com o sono já muito atrasado, despede-se o
Gil Furtado
Água, Gil!
Bem, não fosse a tua perspicácia e o teu olho clínico, e a minha reportagem ficaria manchada pelo erro mais básico que um repórter pode cometer. A data do acontecimento remeter para o mês de Novembro de ano passado. Mas lá estava o 13, o ano de 2013.
Garanto que não me dei conta do engano, mas já está corrigido.
Quanto à outra misteriosa casualidade, ou seja, a hora a que foi publicada a reportagem, foi mero acaso ou obra de forças ocultas e misteriosas que nos regem. Sei que estava à pressa para publicar a reportagem, com a Quinita a chamar-me para ir almoçar e não fazia a mais pequena ideia das horas que o relógio marcava.
Sobre os 13 kms que reclamas para o teu curriculum caminhadeiro, penso que os mesmos ficaram anulados pelo 31, o tal número inverso ao 13 que desfez o enguiço. E mesmo que assim não fosse, os regulamentos nunca o permitiriam, muito menos a tua dignidade moral, respeito que nos mereces e a verticalidade de carácter que te ilumina e protege como ser humano. Kms contados e não percorridos, não são dignos de um Caminhadeiro que se prese.
Saudações Caminhadeiras com 13 passos bem medidos,
Fortunato de Sousa
Não resisto a dizer que realmente o Fortunato e o Gil Furtado (se assim me permite tratá-lo) são IMPERDÍVEIS!!! O que eu me divirto ao lê-los ..... Fantásticos!
Obrigada aos dois
Bj
ps: O meu 1º comentário foi às 23:53, algarismos somados = 13
este é um comentário "lateral" a esta caminhada na Graça do Divor, e reporta-se à caminhada efectuada em Dezembro passado, na Herdade do Freixo do Meio.
Alguns de nós, tiveram a oportunidade de trocar dois dedos de conversa com uma menina austríaca, chamada Lisa. lembram-se?
A Lisa estava a varrer uma divisão na zona fabril da Herdade, e contou-nos que tinha saído da Áustria em Maio e que tinha ido a pé até Salamanca. Num total de 3500kms em poucos meses. Merecia, ou não, o bastão de diamante dos Caminhadeiros?
Para quem quiser saber mais, aqui vai um link com um pequeno apontamento de reportagem sobre a Lisa:
http://p3.publico.pt/vicios/em-transito/10755/lisa-comecou-andar-na-austria-e-so-parou-no-alentejo
Ó Virgílio,
Vou já ver o "site", mas, antes, não poderias perguntar à Lisa se ela viu por lá o meu boné verde dos Caminhadeiros?
Que saudades que eu tenho dele!
E dela também!.
Para ela, beijinhos com muita amizade e votos de muita felicidade.
Despede-se, quase apaixonado, o caminhadeiro
Gil Furtado
Gentil Gabriela,
A melhor maneira de eu ser bem tratado é por tu. A outra, é por ti.
Agradeço muito a gentil opinião (desculpa a repetição), mas esclareço que não sou imperdível. Eu bem gostaria, mas de vez em quando perco-me completamente e demoro eternidades a reencontrar-me.
E agora, mais esta coincidência da soma dos algarismos!...
Despede-se, quase apaixonado, o caminhadeiro
Gil Furtado
Já fui ler a história da Caminhada da Lisa.
Estranhamente, ou talvez não, o qualificativo que se me impõe - sem que eu o procure - é «comovente».
O endereço que nos foi proporcionado pelo Virgílio Vargas, e que agradeço, já o enviei para todos os meus contactos.
E reforço que a proposta do Virgílio - «Merecia, ou não, o bastão de diamante dos Caminhadeiros?» - deve ser tomada a sério: a Lisa merece, pelo menos e sem qualquer dúvida, o troféu dos Caminhadeiros. E o nosso inteiro respeito.
Mentalmente, levanto o punho - sem outro significado senão o de força -, e é isso mesmo que lhe desejo: «Força, Lisa! Força para a tua Caminhada! Força para todos que Caminham! E até sempre!»
GF
No comentário anterior falhou-me dizer «Despede-se, perdidamente apaixonado, o caminhadeiro Gil Furtado»
Fosga-se Gil e Fortunato, mas que grande 31 vocês arranjaram com esta reportagem e comentários(a anterior do Gil também não lhe fica atrás). Cá por mim se não levarem a mal ficam nomeados os 'marretas' dos caminhadeiros. Os da BBC também era bem engraçados.
E que inveja da vossa fluência...
Para os caminhadeiros 'normais' foi mais uma bela jornada com tudo nos conformes numa caminhada já emblemática deste grupo e a que podemos regressar sempre com prazer.
manel reis
Nos meus breves comentários
(No anterior ao anterior),
Também me faltou dizer
Que todos sabem eu merecer
Os 13 quilómetros honorários
da Graça do Divor.
E nesta bela reportagem
Da caminhada de há dias,
- Por pouco chegavam a Pias,
Mas isto é rima forçada,
Não é poesia, nem nada,
São uns versos sem valor,
Quem souber, faça melhor -
Pra que os álbuns sejam seis
Faltam as fotografias
Do Manuel Alexandre Reis.
E despede-se, prazenteiro,
o Gil Furtado, caminhadeiro.
Se o Gil sofresse de triscaidecafobia (e esta? até pareço o Gil ou o Bernardino com o saber enciclopédico), não ficaria de certeza com muita vontade de ficar com mais um 13, desta vez de Kms, no seu historial de coincidências desta caminhada.
E para que isso não aconteça, mesmo que tivesse caminhado eu não lhe atribuía! Quem é amigo, quem é?
Saudações caminhadeiras em passada de triscaidecafobia
LF
Bem, agora só me faltava esta do Caminhadeiro Mor Luís Fernandes com esta do triscai de não sei mais quantos e não sei quê. Se eu soubesse que a vossa dedicação à numerologia era tão forte, há muito que vos tinha desafiado para uma palestra acerca de tão interessante tema.
Concordo com o Luís em não atribuir ao oportunista Gil Furtado os 13 kms não palmilhados. Até porque há ainda um argumento muito importante e deveras convincente: é que o nº 13 dá galo.
Oh amigo Manel Reis, essa dos Marretas é mesmo gira.
Saudações Caminhadeiras em passada triscaicarnavalesca,
Fortunato de Sousa
Virgílio,
Obrigada pelo link com a reportagem sobre a "Grande Caminhadeira Lisa". Eu e o Tomás gostamos imenso.
Bj
Esclarecendo dúvidas:
Primeira – O Caminhadeiro Dores Alves mostra uma fotografia e faz uma referência a uma disputa entre mim e o Rogério, e pergunta o que se terá passado. Como é a primeira vez que se assiste a um desaguisado entre caminhadeiros – felizmente tínhamos comido um bom cozido, primeiro –, a pergunta é pertinente e a resposta impõe-se, urgente. O Rogério estava mesmo a pedi-las: «A GNR multou-te por mau estacionamento» - disse-me. O mau estacionamento era verdadeiro. A multa não, mas, não o sabendo eu, e ao preço a que elas estão, causou-me tal aflição e uma tão má reacção que foi mais sorte que a de cão ter o Rogério escapado sem uma única contusão.
Segunda – Outras fotografias onde eu sou figurante levantaram dúvidas em um ou outro espírito mais relutante. Aqui vai a resposta (em minha opinião, redundante):
Provador ou fingidor?
Prova tão conscientemente
Que chega a sentir amor
Ao vinho que tem à frente
Terceira – Os 13 quilómetros honorários!
Aqui, a resposta é muito mais complicada, porque o Luís Fernandes, com esta da triscaidecafobia, bateu aos pontos o Bernardino e a mim deixou-me KO!
E lá vou eu consultar os dicionários todos, mas nunca mais me peçam para repetir esta palavra, pois sei que não a vou decorar.
1 – No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, realização da Academia das Ciências de Lisboa (Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Academia das Ciências de Lisboa) e Fundação Calouste Gulbenkian, com o apoio do Ministério da Educação e do Instituto Camões, Editorial Verbo, 2001, (vulgo Dicionário Malaca Casteleiro), nem pó! Nem triscaidecofobia – de trisavós salta para trisneto –, nem tricaidecofobia – de trica pula para tricampeão. (Mas não fiquemos muito mal impressionados, porque este dicionário tem alguns méritos).
2 – No Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Sociedade da Língua Portuguesa e Amigos do Livro Editores, coordenação de José Pedro Machado, 1981, entre trisavô e trisneta tem 12 verbetes. Entre eles, triscaidecofobia (O m. q. tricaidecofobia), triscaidecofóbico (O m. q. tricaidecofóbico) e triscaidecófobo (O m. q. tricaidecófobo), e entre trica e tricampeão tem treze entradas (cá está ele outra vez!), das quais tricaidecofobia (Temor mórbido ao número 13); tricaidecofóbico (Relativo à tricaidecofobia) e tricaidecófobo (Aquele que padece de tricaidecofobia).
3 – No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia – Portugal, Editora Temas e Debates, 2003, entre trica e tricampeão há apenas dois vocábulos (tricalho e tricama, nada de tricaidecofobia), e, mais à frente, regista trisavô mas não trisneto, e também não triscaidecofobia, nem nada da família.
Ah grande velhinho José Pedro Machado!
Mas também não se fique a pensar mal do Houaiss, que é um grande dicionário. Tanto encontro no Machado vocábulos que o Houaiss não tem, como vejo no Houaiss palavras que o Machado não regista. E eu continuo a dizer, na minha humilde simpreza, : o Houaiss é, quase garantidamente, o melhor dicionário da língua portuguêsa alguma vez realizado. Mas tivera José Pedro Machado – e também Botelho de Amaral – os mesmos meios que teve Houaiss, e outros galos lhes cantaram, perdão, outros dicionários nos teriam deixado… Mas não há dicionários completos: essa é uma grande certeza.
Curiosidade: nestes dicionários impressos só encontrei […]decofobia. Já na internet, tanto em português como em espanhol, tanto encontro […]decofobia como […]decafobia.
Mas estou cada vez mais longe dos meus 13 quilómetros honorários.
E lá vou eu, outra vez, à estante dos dicionários. Mas desta vez tiro apenas o José Pedro Machado. Para dirimir um pleito no Alentejo ocorrido, requer-se um julgamento a preceito e um juiz português, isento e descomprometido.
«Honorário, adj (do lat honorariu-) […] ||Diz-se das pessoas que têm um título honorífico, sem desempenhar quaisquer funções. || […]»
Tem o vocábulo outras acepções, como fica subentendido. Não as transcrevo porque esta, basta para o pretendido.
Repito: «Diz-se das pessoas que têm um título honorífico, sem desempenhar quaisquer funções.»
É esse exactamente o meu caso. Não desempenhei a função de calcorrear 13 (ou mais) quilómetros que me esfalfassem, mas também nunca exigi que mos contabilizassem. Nem ao Colégio dos Caminhadeiros-mores, nem à pessoa tecnicamente mais apetrechada para o fazer melhor, o nosso Ministro das Finanças, contador do nosso dinheirinho, o nosso operador de GPS, senhor dos passos do nosso caminho, aquele que tudo conta: o Senhor Contador-Mor.
A única coisa que quero, reclamo, requeiro, exijo, usando argumentos vários, são os meus 13 quilómetros honorários!
É só uma questão de Português. Estamos entendidos de vez?
E sob que forma os desejo?
Sob a forma de uma simples medalha ou condecoração, de lata – de plástico, não! –, que eu possa ostentar, vaidoso, do lado do coração.
Com que dizeres? Prestem atenção, por favor. É simples: «13 quilómetros honorários da Graça do Divor» ou, talvez melhor, «13 quilómetros honorários de Nossa Senhora da Graça do Divor * 5-2-2014 da era do Senhor * Dos Caminhadeiros e das Caminhadeiras, com muito amor» ou «13 quilómetros honorários de Nossa Senhora da Graça do Divor * 5-2-2014 * A quem não fez o caminho, dos Caminhadeiros e das Caminhadeiras, com muito carinho».
As capacidades criativas da mente são um enorme mistério, por isso deixo a criação dos dizeres ao vosso critério. Assim como assim, serão vocês que me condecorarão a mim...
E quem penso eu escolher para a obra de arte executar?
A querida caminhadeira Maria do Céu, se ela concordar!
Nem é preciso explicar: nunca vi obra saída das suas mãos que não esteja bela de encantar; nunca vi arte mais capaz de um peito honrar e da qual seu portador tanto possa se orgulhar.
Aqui chegado, estou cansado e há muito que devia estar deitado. Vou-me calar, publicar e, impaciente mas confiante, esperar, e para me despedir só deixo mais um recado: se for condecorado, sentir-se-á muito honrado o vosso amigo
Gil Furtado
Explicação: Estes comentários foram publicados por engano nas Inscrições para a caminhada “Rota do Castro do Zambujal”, organização "rogerial", entre as 2:40 e as 3:00 da madrugada (daí a referência ao sono e daí as mãos trocadas). Detectada agora a asneira, foram de lá apagadas e aqui publicadas, ficando as mãos destrocadas.
Pedindo desculpa pelo erro cometido, despede-se o GF um tanto comprometido.
Amigo Gil, depois de ler toda a "escrituração" a propósito dos 13 Km e dos 31 caminhadeiros e da dor provocada pelo empedernido caminhadeiro mor em não atribuir os 13Km honorários ao meu amigo, confesso que, se pou um lado fiquei de coração partido com tal avareza, por outro o convite e confiança que depositaste em mim para fazer algo que te alegrasse a "ialma" me enterneceu. Mas amigo Gil, seguramente que entre as caminhadeiras e caminhadeiros haverá alguém com capacidade e saber para realizar o teu desejo, pois eu não sei se terei engenho e arte, para cumprir tal desiderato. Aguardemos pois, seguramente alguém te vai dar medalha,( já sabemos que de plástico, não) diploma ou quiçá uma condecoração bem mais ambiciosa , e merecida, do que esses miseráveis 13 Km honorários.
Dêem a medalha ó homem pôrra!!!!!
F. Sousa
Oh Fortunato julgas que isto é o Alqueva?
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