sábado, 8 de março de 2014

* * * * * * * * 13ª Caminhada da Época 2013 / 2014 * * * * * * * * O Sítio Onde os Homens Faziam Pólvora . Dia 5 de Março




          Ele há Drs. excelentes e outros Excelentíssimos (e outros que nem por isso)
Álbuns de Fotos:
Fortunato de Sousa
Miguel Cardoso
Dores Alves
Luis Martins
Manuel Reis
Virgílio Vargas
Carlos Evangelista
Fotografias do frontispício:   Manuel Pedro/Fortunato de Sousa
Data do Encontro: 05/03/2014
Local: Fábrica da Pólvora de Barcarena
Percurso: 9,6 kms
Duração: Três horas
Organizador: Maria do Céu/Gilberto Santos/Manuel Pedro
Caminhantes: (29) Angelina Martins; António José Clemente; António Palma;  Armando Lourenço, Carmen Firme;  Dores Alves; Fortunato Sousa; Gil Furtado; Gilberto Santos; Greta Statter; Guilherme Statter; João Costa; João Duarte; João Figueiredo; José Clara; Luís Fernandes; Luís Martins; Luísa Clemente; Lurdes Clara; Manuel Pedro; Manuel Reis; Margarida Graça; Maria do Céu; Miguel Cardoso; Octávio Firme; Rogério Matias; Teresa Palma; Virgílio Vargas; Vítor Gonçalves.
Ao almoço, juntaram-se a nós a Tininha e o Carlos Evangelista
Guia da visita à Fábrica da Pólvora: Dra. Lisete Carrondo
Almoço: Restaurante Maria Pimenta (Fábrica da Pólvora). Ambiente agradável, boa comida, bom vinho, bom serviço, pessoal simpático. Voltarei.
Chá: Cantina contígua ao restaurante. Chá, sandes e bolinhos generosos.
Próxima caminhada: 19/03/2014 (Organizadores: Lurdes e José Clara)
Reportagem
Pontuais, impreteríveis, partimos às dez horas da manhã.  Minutos passados, Caminhadeiro urgente, ligeiramente atrasado para a caminhada de hoje ou muitíssimo adiantado para a próxima, telefona: - "Manel Pedro, onde estão vocês" (ou "onde estais vós?"), "onde estás tu, que eu vou-te buscar?" -, concedeu-me o privilégio de começar duas vezes a mesma caminhada e, ainda por cima, "desculpa o incómodo",  "obrigado pela gentileza". Grato estou eu pela oportunidade de, por preço tão irrisório, usufruir de tão boa companhia.
Serpenteando serra acima pela toponímia na génese da Fábrica da Pólvora: Rua das Ferrarias Del  Rei, Rua das Azenhas, Rua da Carreira de Tiro, chegamos por fim à  Estrada do Caminho da Serra. Aqui e ali, a modéstia dos  últimos resquícios de ruralidade, mais frequente,  tijolo e cimento com a  opulência e a soberba dos vencedores.  De permeio, o Clube de Golfe de Cabanas, por alguns considerado equipamento desportivo dos munícipes.
Pouco mais de uma hora de caminho, paragem para reagrupamento e reabastecimento alimentar, enquanto se disfruta da vista magnífica sobre as encostas e o vale da Ribeira de Barcarena. Depois, pés a caminho para uma nova etapa por estrada e a corta-mato, rumo ao marco geodésico  - para mim, desde menino, agora e sempre "o Castelo" . (Não é letra de lei, mas julgo que se trata de um marco geodésico de 3ª ordem, também conhecidos por talefes, pinocos e até, vejam lá, bolembreanas.) Oxalá a vista de 360o que a partir dele se disfruta tenha sido paga suficiente para o dispêndio de energia para o alcançar.
Duas horas de caminhada e iniciamos o regresso  atravessando a aldeia de Leceia, onde  os mais perspicazes identificaram de passagem a máquina Multibanco assaltada na noite anterior e outros ou os mesmos embasbacaram perante a beleza do palacete, da Quinta de São Miguel, pertença da família do escultor Álvaro de Brée, onde na minha infância recebi aulas de catequese da benemérita madame Brée (prémio de um chocolate para quem disser de cor a Salve, Rainha e o Pai Nosso, mais os mandamentos e os sacramentos e os pecados - veniais e mortais -, e por aí fora, e uma volta pela quinta na bicicleta do filho da madame, Henry - por todos nós e para sempre crismado de "menino Órri" -, para os mais distintos palradores da doutrina.).
Pontualidade britânica, treze horas e toda a gente no local aprazado para o gamelório. A cereja no topo do bolo: juntaram-se-nos a Tina e o Carlos  Evangelista. Até a comida nos soube melhor!
Próximo das quinze horas, iniciamos a visita guiada não tanto como quem visita um museu, mas na perspectiva de quem observa o sitio onde homens faziam pólvora. E foi desse modo que visitamos a Caldeira dos Engenhos, a Galeria das Azenhas, a Casa do Relógio. De caminho, subimos (ou devia dizer galgamos?) ladeiras rumo ao Edifício das Galgas, escalamos degraus a caminho da Central Hidroeléctrica e, de pensamento enxuto (mas não de lean thinking), nos pespegamos no Pátio do Enxugo,  para a fotografia de grupo que criatividade e entusiasmo juvenil  em boa hora sugeriu.
Muito obrigado à equipa do Museu da Pólvora Negra  na pessoa da Dra. Lisete Carrondo, inexcedível na disponibilidade, na riqueza das explicações, na simpatia e na paciência sem limites.
MP
PS: Do princípio ao fim, permiti-me, e por isso me penitencio, desrespeitar o Acordo Ortográfico,  ao que parece, ainda estado lactente (e ele a dar-lhe com o "c", pungente, vindo da alma e da mente). 

                 

7 comentários:

António Dores Alves disse...

Esta caminhada organizada pelo Manuel Pedro e pelo Gilberto com a colaboração muito discreta mas muito eficiente da Céu, primou pela pontualidade. O dia foi muito bem preenchido com as diversas atividades de forma suave e creio a contento de todos.
Obrigado aos organizadores.

Unknown disse...


Uma boa jornada pautada pela pontualidade britânica.
A componente cultural poderia eventualmente ter sido mais detalhada, não o foi certamente pela falta de tempo.
Reportagem sucinta e objectiva das actividades decorridas na polvorosa Barcarena.
Agradecimentos ao trio organizador por mais um dia bem passado.

*escrito de acordo com antiga ortografia.

Saudações Caminhadeiras,
Miguel Cardoso

mreis disse...

Caminhada nos arredores de Lisboa, perto de casa e fácil de lá chegar, não é? Não! Levei o meu carro, éramos 3 passageiros com 4 GPS e mesmo assim perdemos-nos. Mais uma razão para repetirmos a experiência a ver se ficamos a conhecer melhor os arredores , apesar de termso que nos sujeitar ao malvado alcatrão que nos dá cabo dos joelhos e das costas...
A reportagem saiu em fina prosa, boa surpresa para quem não conhecesse, nanja eu já bafejado há algum tempo com a elegância e ironia de alguns escritos do Manel. Como bónus ainda levamos na reportagem com mais uma data de cultura dos locais por onde passou a caminhada com pinceladas de recordações de infância, mais uns acrescentos à tarde cultural 'no sítio dos fazedores de pólvora'.
Ah e que falta faz ao nosso país a pontualidade do Gilberto, não só para a tão falada produtividade, mas para sossego e conforto daqueles que às vezes esperam e desesperam (pela justiça, por exemplo).
Em suma, como diriam os nossos ex-patrões: overachieved!

Abraços

Fortunato de Sousa disse...

Como já algumas vezes temos comentado nas tertúlias caminhadeiras, a caminhada começa no planeamento que lhe deu origem e só termina no último comentário da reportagem. Quero com isto dizer, que o excelente evento Caminhadeiro da passada semana ainda não terminou.
Depois da magnífica narrativa do Manuel Pedro (como muito bem disse o Manuel Reis), redigida em fina prosa e recheada de ironia bem ao seu estilo, temos agora como complemento nada menos de 7
álbuns de fotografias a cobrir quase ao pormenor todo o programa do dia. Os 3 comentários já publicados são mais 3 passos importantes e um contributo precioso para o sucesso da 13ª caminhada da época. E penso que a caminhada não acabou com este meu comentário, pois o tal Caminhadeiro que chegou atrasado ao sítio onde os homens faziam pólvora, ainda não publicou o seu apontamento a agradecer publicamente a quem o ajudou a entrar nas estatísticas quilométricas deste percurso pedestre.
Saudações Caminhadeiras com passada mista entre a lampreia e o sável,
Fortunato de Sousa

Gil A F Furtado disse...

Houve um caminhadeiro que chegou atrasado? Não dei por isso. Ainda bem que não fui eu: não teria gostado nada de atrasar, sequer perturbar, a partida do grupo. Aliás, fui o primeiro – Tina e Carlos Evangelistas podem testemunhar – a chegar ao portão «do sítio onde os homens faziam pólvora» e onde, agora, se come e bebe muito bem na casa onde a Maria tem gosto a pimenta (dizem). É verdade que, quando cheguei ao local da concentração matinal, ou perto, não vi ninguém conhecido – devo ter chegado cedo demais – e, depois, deparei-me com dois caminhadeiros perdidos: primeiro o Manuel Pedro – talvez porque, morando longe, conheça mal o sítio -, e, a seguir, o Luís Martins, que se perdeu por se distrair a espreitar o caminho pela objectiva da sua câmara fotográfica, por onde ele vê um mundo que não é o nosso. Felizmente que os encontrei, pois juntos – parlando, parlando, parlando… - conseguimos juntar-nos ao pelotão da frente, inelutável desígnio de Portugal e dos portugueses. E, para mim, foi um verdadeiro prazer ter tido durante algum tempo a companhia exclusiva desses dois parceiros. (E, depois, a de todos os outros).
Tenho uma ideia que houve um caminhadeiro que acordou às 9 horas e 5 minutos; que se deitara depois das 2 – a trabalhar! –, adormecera talvez pelas 3; acordara pelas 4; readormecera sabe-se lá a que horas – seguramente pouco antes ou pouco depois das 7 –; não ouvira o despertador das 7:30 nem os preocupados telefonemas dos companheiros com quem tinha combinado juntar-se às 8:30 – pois, embora se deslocasse em carro próprio, queria aproveitar a sua companhia como guias; saíra de casa a correr, mal acordado, mal comido e mal lavado – eu disse mal lavado, não disse malvado –; que, às 9:35, aproveitara a subida do elevador dos carros, único breve momento de mãos livres desde que acordara, para telefonar ao companheiro Fortunato – o último dos três companheiros que lhe ligaram – a dizer que estava vivo mas “um pouco” atrasado, e, ao mesmo tempo, a pedir que partissem sem o esperar, para não se atrasarem; que, para cúmulo, se perdera, precipitado, à entrada de Queluz de Baixo – quando deu por isso estava de volta a Lisboa e só pôde emendar o erro na rotunda do Hospital Amadora-Sintra, e não fora esse engano teria chegado antes das 10 horas! –; que cometera o erro de não ligar para o organizador Manuel Pedro uns minutos mais cedo, e, estou certo, o Manuel Pedro teria iniciado o percurso uma única vez, pois ficaria à sua espera, mas tirar as mãos do volante e, pior ainda, telefonar poderia provocar um atraso até ao resto da vida. Soube disso, mas não por o ter ouvido: acho que o sonhei. E, insisto, não sei com quem se passou.
Enfim! Está feito, não há volta a dar-lhe. O caminhadeiro que mais vezes se atrasa e mais se mete em atalhos agradece todo o apoio que lhe foi tão gentilmente facultado e a todos pede desculpa por lhes dar estes trabalhos.
Agora sobre a reportagem. A primeira coisa que destaco é o espírito de observação do legendador da fotografia da lápide comemorativa da inauguração do museu: aquele exagero de deferência pelo ilustríssimo detido… só no nosso país! Mas estamos tão habituados que foram precisos olhos argutos para ler o inteiro conteúdo da placa. Parabéns.
Outro pormenor: uma placa que se pretende seja vista por muitas gerações de falantes de Português exige ser escrita por alguém que domine a língua: não se admitem vírgulas desnecessárias – pelo menos a última está a mais –, nem que seja paroxitonizada uma palavra proparoxítona. (E logo que palavra!)

Gil A F Furtado disse...

O segundo destaque da reportagem: aquele “c” em latente. Que bela ironia! Mas é curioso que a brincadeira atinge mais os defensores do antigo que os do novo Acordo Ortográfico, pois os primeiros, à custa de tanto quererem conservar as consoantes surdas, ainda acabarão por acrescentar algumas que nunca existiram. (Uma bomba – pelo menos uma provocação: em pouco tempo estaremos todos a usar o novo AO: «primeiro estranha-se, depois entranha-se»)
Do dia poderia realçar muitas outras coisas, mas vou limitar-me a referir que aprendi, com o companheiro Miguel Cardoso, que o ponteiro – o gnómon – do relógio de sol deve apontar o norte geográfico. Estudando mais um bocadinho, fiquei a saber que ele deve ser paralelo ao eixo de rotação da terra, ficando, portanto, contido no plano do meridiano do lugar. As coisas que um homem aprende nas caminhadas!...
Do dia realço outra coisa: o vinho que a Maria Pimenta nos serviu. Agradou-me muito. Bastaria ele para se dizer que foi uma bela jornada, mas houve muitas outras razões para a classificar como tal. Muito obrigado aos organizadores e, principalmente, à organizadora. É sabido: quando uma mulher entra na equipa, o trabalho ganha em qualidade. Por isso repito uma frase que me tem andado a bailar na cabeça – e que por acaso vos enviei no passado dia 8: “La femme est l’avenir de l’homme”
Ficam muitas coisas por dizer. (Ficam sempre, embora possa ser acusado de falar – ou escrever, que para mim é a mesma coisa – demais. Talvez fale, mas façam-me a justiça de não me chamarem desbocado e de reconhecer que procuro, tanto quanto possível, não magoar os outros, regras que considero essenciais no trato humano. Seria tão útil que medíssemos sempre as nossas palavras antes de abrirmos a boca…). Mas vou ter que me calar - «Haja Deus!» - exclamarão – porque prometi a dois companheiros encontrar-me com eles, para um pouco de salutar exercício velocipédico, às 9:30 da manhã. (É claro que não vou: já passa das 3).

Para acabar mesmo, um pedido de ajuda: quem me ensina a perceber a diferença entre “de mais” e “demais”? Agradecerei muito o favor.
Talvez me possam dar alguma resposta na próxima caminhada. Até lá, «façam o favor de ser felizes». (Desculpem o lugar comum, mas foi o que impulsivamente me apeteceu dizer, ao mesmo tempo que é uma homenagem ao grande humorista e actor Raul Sol Nascido. Querem matar saudades? Vai-vos saber a pouco, mas vejam http://www.fnac.pt/Raul-Solnado-Facam-o-Favor-de-Ser-Felizes-3CD-sem-especificar/a292021#ecoutes)

Despede-se, atrasado, o

Caminhadeiro Gil Furtado

manel disse...

Três ou quatro notas, amigo Gil.

1 - A tua generosidade não tem limites: alguém chegou atrasado, tu, generoso deste um passo em frente e construíste engenhosamente a trama de ter dormido pouco, etc., etc. Tens o céu garantido (bem como a minha admiração).

2 - Latente versus lactente é uma ratoeira em que nenhum caminhadeiro caiu. E se é uma ratoeira!

3 - Eu até lhe tirava duas vírgulas, mas depois sobrava tinta.

4 - Proparoxítona é de facto uma palavra muito esdrúxula.