
Data da Encontro: 18/11/2009
Local: Manique do Intendente
Percurso: 10,000 Kms; 02:00 Horas
À partida, após pequena espera dos que andaram, sem GPS, perdidos pelos ínvios caminhos da Lapa, éramos 17, incluindo a simpática presença da amiga Teresa Santos, convalescente de uma recentíssima cirurgia – que pedira ao médico autorização para caminhar mas lhe ocultara quantos quilómetros –; à chegada somávamos 19. É que, atraídos pelos eflúvios da cozinha, para o almoço juntaram-se a nós os companheiros Vítor Trigo e José Teixeira.
Aproveitamos para felicitar e agradecer a presença da novel caminhadeira e dos alegres comensais, fazendo votos para o completo restabelecimento da primeira – de que não duvidamos, dada a excelente forma física e anímica que já evidenciou –, e desejando a companhia dos três sempre que lhes seja possível.
Aliás, o Teixeira comprometeu-se a, “logo após conseguir juntar-se a nós uma terceira vez”, ser ele “a organizar”. Apraz-nos registar a promessa, mas uma voz dubitativa perguntou: «Uma caminhada ou SÓ um almoço?».
A caminhada propriamente dita decorreu dentro de normalíssimos parâmetros. O estado do tempo ajudou: nem frio, nem quente; nem seco, nem húmido. O piso era simpático: nem macio, nem duro; nem seco, nem molhado; nem pó, nem lama. A velocidade foi suportável: nem lenta, nem rápida. O itinerário fora muito bem escolhido: sem subidas nem descidas; sem rectas nem curvas; nem “circular”, nem “ida-e-volta”, apenas voltas e reviravoltas.
Todo o mérito pertence ao guia, António José Lourenço, Tóino Zé para os antigos amigos e agora também para estes novos, que, além do mais, providenciou desde o início para que ninguém ficasse para trás. Que se saiba, o simpático guia nunca foi pastor, mas bem que evidenciou genuína intuição de seguidor de rebanhos (salvo seja). Daqui lhe agradecemos.
Do amesendamento há a dizer que fomos acarinhados pela simpatia do casal Ludgero e Maria do Rosário, do Café Candeia, que, coadjuvados pelo discreto Afonso “Cebola”, nos brindaram, de manhãzinha, com batas-doces assadas, bolos diversos, licores, uísques e café; ao almoço, com uma pantagruélica feijoada ribatejana regada por um espevitado tinto local ligeiramente “amorangado”; e ao lanche, com mais bolos, mais bebidas, e grandes panelões de uma deliciosa combinação de chá-príncipe e lúcia-lima. (Desta, o caminhadeiro Vítor Gonçalves conhece todos os nomes, qual Saramago: lúcia-lima, erva-luísa, bela-luísa, limonete e ainda outros). Há também a registar o agrado com que degustámos, imediatamente após a caminhada e enquanto a feijoada acabava de apurar, uma saborosíssima poncha trazida directamente da Madeira – que é dum Jardim –, preparada, oferecida e servida pelos “cubanos” Luís Fernandes e Vítor Gonçalves.
Entre o almoço e o chá, olhámos atentamente para a fachada do Palácio de Pina Manique – onde há um friso que parece um friso e da qual, não obstante a prestimosa colaboração do autóctone Alfredo Sécio, bem-disposto jovem de quase 80 anos, não conseguimos perceber se a torre sineira é ou não contemporânea – e ainda visitámos a Praça dos Imperadores, com a Casa da Câmara e o pelourinho – onde ninguém foi enforcado mas alguém terá passado um mau bocado.
À despedida tivemos o prazer de ouvir o nosso guia prometer que na próxima caminhada em Manique “ninguém o agarra”. Irá exercitar a sua condição física? Ou simplesmente decidiu não voltar a aparecer?
Depois de tudo isto, e do mais que aqui não se regista, caía a noite quando regressámos a penates. E todos fomos muito felizes para sempre.
Saudações Caminhadeiras,
Gil Furtado
Nota: É muito mais difícil fazer a reportagem que caminhar.