sexta-feira, 3 de julho de 2009

17ª Caminhada 2008/2009 . Lavre . 1 de Julho



Album do Armando
Data da Encontro: 01/07/2009
Local: Lavre
Percurso: 11,200 Kms; 02:20 Horas
Caminhantes: A. Pires, Armando; Bernardino; Chico Pires; F. Sousa, Gilberto, Gil Furtado, Guida Gaspar; Guerreiro; João Costa; João Figueiredo, Luís Fernandes, Manuel Flôxo, Maria do Céu; Manuel Pedro; Manuel Reis; Nela Costa; Octávio Gaspar; Odete Vicente; Vítor Gonçalves e Flávio.
Cozinheiros: Floxo e Balão de Sousa.
Ajudantes de cozinha:
Lizete; Quinita; Luísa, Gil Furtado e Neto.
Organizadores: Chico Pires, Fortunato de Sousa, Manuel Flôxo e Vitor Gonçalves.
Almoço: Monte do Chico Pires Preço: € 20,00
Próxima Caminhada: 09/09/2009 Graça do Divôr (Organiza: Balão de Sousa)
Fundo de Reserva: € 217,00
Reportagem: Às 10:00 Horas da manhâ entrava no monte do Caminhadeiro Chico Pires, o carro do Gilberto com o último grupo que faltava para que os 24 inscritos estivessem presentes. Nesta altura, já se procedia ao descarregamento das mercadorias que o Flôxo e o seu velhinho ‘Ford Mondêo’ transportaram desde Lisboa. Tenho muitas dúvidas, se não haverá nas pequenas vilas e aldeias deste nosso país à beira mar plantado, muitas mercearias com existências de mercadorias inferiores ao que o bolide do Manel trouxe do Algarve e de Lisboa. Desde um enorme fogão, peixe para a caldeirada, bebidas, sacos e mais sacos com batatas, cebolas, alhos, etc. e ainda mais 2 passageiros. Só muitos anos de experência e conhecimentos elevados em arrumação de porta bagagens permitem cenários como este.
Antes de se dar início à última caminhada da época, foram distribuídas camisolas e bonés com o simbolo dos Caminhadeiros, aos novos elementos que já integravam o grupo, mas ainda não usufruiam desta regalia.
Depois, enquanto a maioria dos presentes iniciou o percurso pedestre, os Chefes de Cozinha Manuel Flôxo (rigorosamente equipado com avental e chapéu) e Balão de Sousa distribuiram tarefas aos ajudantes Luísa, Quinita, Lizete, Gil, e Neto, que deram início à feitura da Caldeirada. O Gil Furtado e o Vitor Neto deram uma demonstração de descasque de batata impressionante, enquanto a Luía e a Lizete colaboravam noutras tarefas mais exigentes. Embora os componentes que a pouco e pouco iam enchendos os tachos fossem comuns, cada cozinheiro procurava personalizar a sua iguaria com os segredos que levava na manga, numa competição rija mas saudável. Os presentes não tiravam os olhos dos tachos impressionados com a mestria e desenvoltura demonstradas pelos dois experientes cozinheiros. Já aprendi hoje aqui 2 ou 3 segredos dizia a Lizete. A Quinita ia recolhendo registos fotográficos enquanto o anfitrião Chico Pires se preocupava para que nada faltasse.
Já passava do meio dia quando os esforçados Caminhadeiros regressaram da sempre árdua mas saudável tarefa que é este desporto. Foram brindados com uma mesa recheada de várias entradas sólidas e líquidas, não faltando até uma saborosa caipirinha.
Antes do início do repasto, o Caminhadeiro Balão de Sousa numa curta alocução, agradeceu em nome do grupo ao Chico Pires a cedência das instalações para o evento e entregou recordações a todos os Caminhadeiros presentes. Aos que mais contribuiram para a sustentabilidade do grupo durante o ano que passou (Maria do Céu, Manuel Pedro, Chico Pires, Luis Fernandes e Vitor Gonçalves) foram entregues lembranças especiais sob a responsabilidade de um critério selectivo deste vosso servidor. O Flôxo também merecia, disseram muitos e eu concordo. Oportunamente será reposta justiça, embora no dia anterior lhe tenha explicado o critério que utilizei para atribuição das ofertas especiais.
Finalmente e como prometido, o Chico Pires disponibilizou todo o arquivo em vídeo que possui desde as primeiras caminhadas. Durante o dia a elas fomos assistindo e relembrando curiosas passagens da nossa já crescidinha vida de Caminhadeiros. Confirmamos que a queda aparatosa do Luis Fernandes em Unhais da Serra podia ter tido consequências mais graves, não fora o amortecimento do bastão. Só não vimos quem o empurrou.
Quanto à Caldeirada, prato nobre do dia, penso que é difícil conseguir na adjetivação portuguesa um qualificador para tão refinadas iguarias. Se uma estava boa a outra não lhe ficava nada atrás. E a massinha cosida ao fim do dia no caldo que sobrou estava deliciosa. O Flávio comeu duas tijelas de massa para espanto do avô.
Durante a tarde, depois de testadas as várias sobremesas e digestivos, com especial realce para uma aguardente velha e um raríssimo whisky trazidos por dois amáveis caminhadeiros, assistimos a fabulosas interpretações artísticas. De salientar a bonita voz da Nela e a invulgar exibição do João Figueiredo, que após cantar um fado que muito sensibilisou o nosso amigo Neto, o deixou de lágrimas nos olhos. Valeu a pronta intervenção do Manuel Reis para o consolar.
Pena foi que o Luis Fernandes e o Manuel Reis não tenham assistido até ao final da festa, que ainda meteu febras e chouriço assado. O Manel preocupado que estava com o seu amigo Gil ainda telefonou para saber se ele já tinha acordado da sesta (1/4 de hora pelas contas deste; 3 Horas pelas contas dos restantes), enquanto o Gil por sua vez garantia a todos que não tinha havido fados nem cantigas. Se assim fosse ele tinha ouvido tudo, tão perto que estava dos acontecimentos.
Desta vez os chás foram sendo tomados durante a tarde. O Chico Pires e a Maria do Céu tiveram o cuidado e a gentileza de nos presentear com diversas variedades desta tão saborosa e por todos nós apreciada bebida.
Já a noite ia alta quando abandonamos o monte do Chico Pires.
Em Setembro reeniciaremos a nova época com a Caminhada da Graça do Divôr. Será a terceira época do grupo os Caminhadeiros, que começou com meia dúzia de elementos e já somos quase vinte. Apareça quem vier por bem, que certamente será bem recebido.

Saudações Caminhadeiras e até Setembro,

Fortunato de Sousa

5 comentários:

Luis Fernandes disse...

Mais uma vez a reportagem está uma maravilha. Como, quando uma equipa ganha não se mexe, deves continuar. Tens o meu sincero apoio.
Tenho pena da minha saida antecipada, mas o meio parceiro de viagem tinha que vir (ele vai dizer o contrário hehe). Pelo que vi nas fotos, tambem houve uns passos de dança, só espero que tenha sido o tango e que a minha pequena aula tenha dado alguns frutos.

Vit.Gonçalves disse...

Primeiro que tudo, um agradecimento a todos que nos proporcionaram mais um dia muito bem passado.
O espírito "caminhadeiro" continuou o convívio entre amigos, para a maior parte do grupo à mais de 40 anos.
As caminhadas de Unhais e Lavre auguram uma excelente época 2009/10.
Muito boas férias para todos e voltem ainda em melhor forma.
Um abraço CAMINHADEIRO.
VG

Anónimo disse...

Gostei muito,bom espírito,(boa onda). Faltam comentários e mais
ideias. Como vão entrar de
FÉRIAS CAMINHADEIRAS dará certamente para se revitalizarem
para a nova época.
A experiência do "tango" ou simplesmente dançar, tá linda.
De certeza que vão ter mais diversidade.
Bom grupo, muito interessante. Força!

Fortunato de Sousa disse...

Muito obrigado pelo agradável comentário que recebemos deste nosso apoiante anónimo.
Caminhar é a nossa prioridade, mas como se confirma pelos conteúdos das reportagens arquivadas, sempre fomos mais além dessa saudável actividade.
Em Setembro reiniciaremos a nova época, e até pode acontecer, que nesse dia compareça à partida um novo Caminhadeiro/a, cujo perfil de anonimato terminará nesse momento.
Saudações Caminhadeiras,
Fortunato de Sousa

mreis disse...

Agora que estão ainda mais de férias leiam lá como este velhote descreve tão bem o que lhe/nos vai na alma num dia em que se sentiu caminhadeiro.
m.reis

Montaña Blanca
Julho 21, 2009 por José Saramago
Agora que as minhas pernas vão recuperando pouco a pouco a resistência e a andadura normal graças aos esforços conjuntos do dono delas e de Juan, meu dedicado fisioterapeuta, apetece-me recordar aquela tarde de Maio em que, sem havê-lo pensado antes, me pus a subir a Montaña Blanca, nada confiante, ao princípio, em que conseguiria chegar lá acima. Foi isto há 16 anos, em 1993, e eu tinha então exactamente 70. A Montaña Blanca, que se ergue a uns dois quilómetros da casa, é a mais alta de Lanzarote, o que em todo o caso não quer dizer grande coisa, porquanto a ilha, ainda que acidentadíssima, com as suas centenas de vulcões apagados, não goza de nada que possa pôr-se ao lado do Teide de Tenerife. Tem de altura, em relação ao nível do mar, um pouco mais de 600 metros e a forma de um cone quase perfeito. Se eu a subi, qualquer um poderá subi-la também, não é preciso ser-se montanheiro consumado. Convirá, porém, calçar botas apropriadas, dessas com pontas metálicas nas solas, dado que as encostas são muito resvaladiças. Em cada três passos, perde-se um. Que o diga eu, com os meus sapatos de sola alisada pelas alcatifas domésticas… Chegado ao sopé do monte, tinha perguntado a mim mesmo: “E se eu subisse isto?” Subir aquilo era, na minha cabeça, trepar uns vinte ou trinta metros, só para poder dizer à família que havia estado na Montaña Blanca. Mas quando os vinte metros primeiros foram vencidos eu já sabia que teria de chegar ao alto, custasse o que custasse. E assim foi. A ascensão necessitou de mais de uma hora para levar-me aos afloramentos rochosos que coroam o monte e que devem ser o que resta dos bordos da antiga cratera do vulcão. “Valeu a pena?”, perguntar-se-á por aí. Tivesse eu as minhas pernas de então e deixaria agora mesmo esta escrita no ponto em que está para subir outra vez e contemplar a ilha, toda ela, desde o vulcão da Coroa, no Norte, até às planuras do Rubicón, no Sul, o vale de La Geria, Timanfaya, o ondular das inúmeras colinas que o fogo deixou órfãs. O vento batia-me na cara, secava-me o suor do corpo, fazia-me sentir feliz. Foi em 1993 e eu tinha 70 anos.

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