Organizadores: Fortunato de Sousa, Luís Fernandes e Vítor
Gonçalves
Local: Gaio-Rosário, concelho da Moita
Extensão e duração do percurso: 8, 5 km em 2 horas. A esta
distância devem adicionar-se 1.800 metros, ida e volta a pé entre o restaurante
e a “fábrica” Riberalves
Caminhantes:(28); Angelina Martins; Carmen Firme; Graça
Sena; Lina Fernandes; Lurdes Clara; Margarida Serôdio; Maria do Céu; Maria
Luísa Morgado; Odete Vicente; Quinita de Sousa; António José Clemente; António
Palma; Carlos Penedo; Fortunato de Sousa; Gilberto Santos; João Figueiredo; José Clara; Luís Fernandes; Luís Martins; Manuel Flôxo;
Manuel Garcia; Manuel Pedro; Manuel Reis; Octávio Firme; Rogério Matias;
Virgílio Vargas; Vítor Gonçalves e este “repórter à força”.
Ao almoço e ao chá: exactamente os mesmos
Almoço: Restaurante Baía Tejo
Visita cultural: Bacalhau Riberalves
Chá:Baía Café
Próxima caminhada: Nossa Senhora da Graça do Divor, em 05/02/2014
Organizador: Balão de Sousa, também conhecido por Fortunato
(um organizador que vale por quatro)
Reportagem: Tanta coisa que este pobre escriba deixa por
dizer em tantíssimas outras ocasiões – por falta de tempo, por preguiça, por
inépcia –, e ei-lo a escrever quando nem sequer é a sua vez. Mas “noblesse
oblige”, e à noblesse nunca gostei de
me eximir. Entre a espada e a parede – a parede, atrás de mim, era de vidro,
mas inquebrável, e a espada, à minha frente, 27 caminhadeiros exigentes e
determinados, era de aço bem temperado –, ainda tentei escapar, prometendo que
corrigiria as vírgulas do texto que outrem escrevesse, mas não fui
suficientemente convincente. Aliás, ser-me ia talvez fácil acrescentar algumas
vírgulas faltantes, mas antevejo que me seria muito difícil retirar as que
estivessem a mais. Virgular é fácil; já desvirgular não é para toda a gente…
Adiante.
Mas qual é a noblesse
que me obriga? – perguntarão vocês. Passo a explicar. Em 25/01/2012, este
aprendiz de organizador de caminhadas foi responsável por uma ida à sua terra
natal, Vila Nova de São Pedro. Quando chegou a altura de escrever a reportagem,
achou-se este inexperiente repórter em palpos de aranha. Vai daí, recorreu a um
amigo – o Fortunato de Sousa. E em poucas horas a reportagem apareceu feita. Se
tiverem paciência para a reler, verão que está lá tudo explicado. (Tem alguns
pequenos erros de história que, por minha incúria – ou talvez pudor – nunca
foram corrigidos, mas prometo que um dia o farei. Espalhados por reportagens e
comentários há outros erros de minha lavra – ou de má reprodução de palavras
minhas –, mas não é altura de falar deles, nem é importante. Aproveito apenas
para me referir a Manique do Intendente, dado ser recente a nossa última
passagem por lá: a Wikipédia transmite-nos alguns erros crassos, que têm origem
na ignorância de quem escreveu o verbete, mas, pior que isso, José Hermano
Saraiva repete, sem qualquer cuidado de investigação, um erro que em Manique
ouviu ou que na Wikipédia leu. Quando estiver para aí virado, voltarei a este
assunto).
Dizia eu que o Fortunato em pouquíssimo tempo escreveu, por
mim, uma bela reportagem. Mais tarde, em 16/05/2012, visitámos, em Mora, o
Parque Ecológico do Gameiro, guiados pelo sr. Manuel Luís Canelas em
organização da responsabilidade de Balão de Sousa e Vítor Gonçalves e por eles
baptizada de Rota da Água Alentejana. Mais uma jornada inesquecível. Em plena
caminhada, solicita-me o Balão, já não me lembro por que motivo, que escreva eu
a reportagem. Anuo imediatamente, com uma única condição: assinar com
pseudónimo e conservar ele o segredo. (Foi o mesmo que esconder-se o gato e
deixar de fora mais de metade da cauda, mas serviu para todos nos divertirmos).
Com essa acção não paguei um favor, que um favor nunca se paga: agradece-se,
retribuiu-se se for possível, mas, por melhor que se agradeça e retribua, nunca
fica pago. É favor: não é negócio.
Vem agora o Fortunato, apoiado pelo Vítor Gonçalves e o Luís
Fernandes – para não falar de mais ninguém –, meter-me em nova alhada. Mais uma
vez, não fujo: se o Balão nunca volta a cara a um amigo, ia eu recusar um
pedido do Balão?! (Uma nota que se impõe: o Balão, decano dos repórteres-caminhadeiros,
que durante anos assegurou, sozinho, a Crónica dos Feitos das Andanças – ou
Crónica das Andanças Feitas –, só não escreve desta vez porque está assoberbado
de afazeres. E cabe aqui outro parêntesis, ou o aproveitamento do mesmo: não
deixa de ser irónico que se peça a reportagem ao caminhadeiro de pior ouvido e
que detesta fazer perguntas – talvez por lhe ser difícil ouvir as respostas –,
toda a sua vida tendo dito que, a ter que saber as coisas, prefere sabê-las
depois do último, ou seja, pede-se que reporte quem menos apetrechado está para
reportar!)
Como reportagem propriamente dita, que posso eu dizer? Nada
mais que aquilo que vos prometi ao almoço, quando dela me incumbiram: «Correu
tudo bem! Ponto final!»
E bastaria, mas insisto: desde o início da caminhada até ao
fim do lanche, correu tudo bem! Para ser mais completo: desde que saímos de
casa até que a casa regressámos, correu tudo bem! Em suma: correu tudo bem. E
ainda bem!
Não me quero repetir, mas reforço a afirmação de que a
caminhada correu bem porque não foi demasiado longa – e a meio, exactamente a
meio, uma chuva providencial levou alguns a abrigarem-se num pequeno bar que
servia óptimas bifanas acompanhadas de cerveja. Também o almoço correu bem,
porque tanto a massada de peixe como as bochechas de reco eram saborosas e
abundantes – e, no que particularmente me toca, um atencioso companheiro de
mesa, sabendo de antemão que eu sou sempre o último a sentar-se, reservou-me
algumas entradas, das quais apreciei – além do gesto, que muito agradeço –, uns
deliciosos rissóis.
A jornada também correu muito bem devido ao interesse da
visita efectuada às instalações da Riberalves, em que fomos guiados pela
sabedoria e gentileza do Engº Diogo Freitas. Foi uma boa ideia dos
organizadores, a de nos levarem a uma visita cultural de características tão
diferentes das habituais. Suponho que se deverá mais ao Vítor que aos outros
dois, mas nestes casos a paternidade é o que menos interessa, dado que a
organização é colectiva, e quando vários contribuem para o mesmo fim, já diziam
os romanos: mater sempre certa, pater
incertus.
Cabe referir que o Grupo Os Caminhadeiros, representado
pelos três organizadores desta jornada, agradeceram à instituição Riberalves a
amabilidade com que foram recebidos, ofertando-lhe, na pessoa da gentilíssima
Engª Vera Xavier, um dos nossos troféus, com que costumamos distinguir quem o
merece. (E aos quilómetros andados devíamos somar os muitos metros que, de
sapatinhos azuis e totós de plástico
até aos pés, percorremos nas instalações da fábrica).
E, como repórter, mais não digo. O muito que há para dizer,
digam-no vocês nos comentários. Paulo Freire criou o seu método de
alfabetização de adultos partindo do veracíssimo princípio da inexistência de
analfabetos culturais. Ora, se ele pôs a ler e a escrever milhões de
analfabetos completamente iletrados, porque não hão-de vocês, queridíssimas
amigas e estimados amigos, pôr nos comentários aquilo que falta nas
reportagens? Não são analfabetos, não são iletrados, não são incultos – muito
longe disso! Alguns têm provas dadas em reportagens e comentários – belíssimas
provas, que muito prazer intelectual me deram e que não poucas vezes têm
contribuído para enriquecimento da minha pobre cultura. A outros – a todos –,
tenho ouvido conversas interessantíssimas. Se cada um puser, no blogue, um pouco
do que viu e ouviu, um pouco de si e da sua sabedoria, ganharemos riquíssimas reportagens.
Fico à espera. Fico esperando ansiosamente. Mas espero não
ter que esperar muito. (Verseja lá outra vez, ó Vítor…)
(Nota: Há um comentário que avanço desde já saber que vai
aparecer, porque o seu autor me informou: um contacto havido entre os organizadores
da jornada e a Riberalves.)
Sem mais, atenciosamente, venerador e obrigado, despede-se
de todos vós o
Gil Repórter-Forçado.
Lisboa (Benfica), 25-10-2014 às 18:35